ESQUEMA MILIONÁRIO

Igreja e rádio de MG são investigadas por lavagem de dinheiro do tráfico

Esquema de lavagem de dinheiro chegou movimentar R$ 80 milhões em Minas Gerais; foram cumpridos mandados em outros três estados

Silvia Pires - Estado de Minas
postado em 30/05/2023 14:36 / atualizado em 30/05/2023 15:26
Delegado de Polícia Civil, Marcus Vinícius Lobo Leite, e o promotor Gabriel Mendonça apresentaram, nesta terça-feira (30/5), os detalhes do esquema de lavagem de dinheiro em igreja e rádio evangélicas de Minas Gerais -  (crédito: Jair Amaral/EM/D.A.Press)
Delegado de Polícia Civil, Marcus Vinícius Lobo Leite, e o promotor Gabriel Mendonça apresentaram, nesta terça-feira (30/5), os detalhes do esquema de lavagem de dinheiro em igreja e rádio evangélicas de Minas Gerais - (crédito: Jair Amaral/EM/D.A.Press)

Uma igreja e uma rádio evangélicas de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, estão na mira de uma operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Os promotores investigam o crime de lavagem de dinheiro, que chegou a movimentar R$ 80 milhões só em Minas Gerais. Ao todo, o esquema lavou quase R$ 7 bilhões em todo país.

O grupo, que atuava também em outros três estados, funcionava como uma empresa especializada na prestação de serviço de lavagem de dinheiro para outras organizações criminosas, como tráfico, fraudes e estelionatos. Além dos "laranjas", a quadrilha também criava empresas falsas para circulação do dinheiro do crime organizado. Uma delas estava registrada no mesmo endereço da igreja de Vespasiano, alvo da operação do MPMG.

Segundo o delegado de Polícia Civil Marcus Vinícius Lobo Leite, o negócio do ramo de eletrônicos só existia no papel e funcionava como uma rede de lavagem para circulação do capital ilícito. "Essa empresa movimentou milhões de reais e nunca emitiu nenhum documento fiscal, nunca teve nenhum funcionário registrado nos órgãos competentes", aponta. No período de dois anos, a empresa fantasma movimentou mais de R$ 80 milhões.

O esquema foi identificado após quebras dos sigilos bancário e fiscal dos investigados nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Amapá e Alagoas. A rede de nível nacional chegou a lavar R$ 6,7 bilhões. "Esta é a maior constatação de movimentação financeira atípica que já investigamos. É uma grande lavanderia de dinheiro", disse Gabriel Mendonça, promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

A operação apreendeu nesta manhã (30/5) documentos, celulares e tablets, que serão analisados na próxima etapa das investigações. "O próximo passo agora será identificar melhor esse trânsito de dinheiro nas empresas, essa rede de movimentação financeira e quem são os autores", detalhou Marcus Vinícius. O delegado estima a participação de mais de cem pessoas no esquema. Ninguém foi preso.

Além dos materiais apreendidos, foi cumprido o sequestro de veículos e valores em conta bancária, no montante de R$ 170 milhões. A operação é uma investigação desencadeada pelo Ministério Público de Minas Gerais, por meio do Gaeco, e pela Polícia Civil de Minas Gerais.

 


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