A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Distrito Federal (OAB-DF), manifestou repúdio, nesta quarta-feira (24/5), a respeito do jogo chamado Simulador de escravidão, oferecido pela MagnusGames. A entidade, por meio da Comissão de Igualdade Racial e Social, classificou o caso como “lamentável” e disse que tomará providências para combater as práticas racistas.
- "Simulador de Escravidão": jogo reúne racistas e discurso de ódio
- Análise: O racismo contra Vini Jr. no país do Dr. Garcia
“Sob o argumento de oferecer 'entretenimento', tal ferramenta foi criada com o intuito de promover, ainda que virtualmente, a continuidade de um dos capítulos mais tristes e covardes da história. Contando com compra, venda e manutenção de pessoas negras escravizadas, o aplicativo, de classificação livre, reproduz conceitos inaceitáveis de racismo e violência”, diz a comissão.
O Google excluiu da plataforma de distribuição digital, na tarde desta quarta-feira, o jogo. Até esta manhã, o game possuía mais de mil downloads e 70 avaliações no PlayStore, além de reunir comentários perversos e racistas de usuários do serviço.
Procurada pelo Correio, a empresa disse que não permite aplicativos que “promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica” ou que “retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas”.
Antes de ser removido, a reportagem acessou a plataforma e constatou a gravidade da situação. Um perfil, identificado como “Mateus Schizophrenic”, sugere até mesmo que sejam criadas outras funcionalidades para o jogo, como, por exemplo, adição de novos métodos de tortura aos negros. “Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava mais opções de tortura. Poderiam estalar (sic) a opção de açoitar o escravo também. Fora isso, o jogo é perfeito!”, escreveu.
Veja a nota da OAB-DF na íntegra
A Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF) manifesta total repúdio contra um aplicativo nominado “Simulador de Escravidão”, que já possui centenas de downloads. Sob o argumento de oferecer “entretenimento”, tal ferramenta foi criada com o intuito de promover, ainda que virtualmente, a continuidade de um dos capítulos mais tristes e covardes da história. Contando com compra, venda e manutenção de pessoas negras escravizadas, o aplicativo, de classificação livre, reproduz conceitos inaceitáveis de racismo e violência.
A OAB/DF repudia, veementemente, ferramentas como esta, que representam um retrocesso e a lamentável mentalidade racista que jamais deveria ter existido, e, tampouco, continuar existindo.
O racismo é crime! A Lei 7.716 (Lei de Crime Racial) tipifica crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Todos os crimes previstos na Lei 7.716 terão as penas aumentadas em um terço até a metade quando ocorrerem em contexto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação, como figura a proposta do referido aplicativo.
Assim, a OAB/DF afirma que tomará as providências cabíveis para combater práticas racistas, que violam a dignidade e os direitos humanos.
Por fim, é incentivado que a sociedade continue denunciando, somente assim será possível conhecer e punir os responsáveis por iniciativas tão reprováveis e criminosas.
Diretoria OAB/DF
Diretoria de Igualdade Racial e Social da OAB/DF
Comissão de Igualdade Racial e Social da OAB/DF
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.