Oito corpos foram encontrados, na segunda-feira, boiando no rio Mucajaí, que corta a Terra Indígena Yanomami. Os mortos não são indígenas e estavam em uma área ocupada por garimpeiros. Depois de um sobrevoo, os cadáveres foram avistados próximo de uma ribanceira, e as autoridades suspeitam que podem ter sido assassinados pelos nativos.
A Polícia Federal (PF) enviou equipes de grupos de elite ao local para conter a escalada de violência, motivada, sobretudo, pela reação armada dos invasores. A corporação também informou que as investigações sobre os oito cadáveres estão em curso.
"Foram realizadas perícias e levantamentos no local onde os corpos foram encontrados e a Polícia Federal já articulou a retirada dos corpos do local e realização dos exames médico-legais para se descortinar as causas das mortes", observa a PF.
Os primeiros relatos de violência entre invasores e indígenas começaram no sábado, quando três ianomâmis foram atacados — dois ficaram feridos e um deles, o agente de saúde Ilson Xirixana, morreu. Horas depois, uma aeronave, já em solo, que levava agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foi atacada por homens que fazem a extração ilegal de minério. Os agentes revidaram e quatro garimpeiros foram mortos.
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Indignação
Segundo as associações Hutukara Associação Yanomami (HAY) e Texoli Associação Ninam Estado de Roraima (Taner), a ofensiva de garimpeiros no sábado, contra as autoridades, foi realizada no momento em que as comunidades se preparavam para a cerimônia fúnebre do ianomâmi morto. Em razão disso, há relatos de que os indígenas se revoltaram e integrantes da comunidade Uxiu teriam se organizado para atacar, nas margens do rio Mucajaí, os exploradores que passassem de barco. A PF acredita que os oito corpos encontrados podem ser de garimpeiros que teriam sido mortos por indígenas, em retaliação ao ataque que matou um ianomâmi.
Em 21 de janeiro, o governo federal declarou emergência de saúde pública na Terra Indígena Yanomami, em razão da ausência de acesso a medicamentos, serviço médico e quadro grave de fome e casos de malária entre os integrantes das comunidades tradicionais. Uma comitiva enviada pelo governo identificou um cenário de extrema gravidade gerado pela desnutrição, deteriorando a saúde dos indígenas e elevando os índices de mortalidade infantil na região.
Um levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a desnutrição entre os ianomâmis é 10 vezes maior que no resto do país. Supera, ainda, taxas de países como Serra Leoa e República Centro-Africana, onde estão as comunidades com maiores taxas de pobreza.
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