O Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado ontem, apontou que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) cresceram em 19 unidades da Federação, e que em apenas duas delas o principal foco não está na capital. O monitoramento — feito no período de 9 a 15 de abril — mostra, ainda, que há uma tendência de aumento a longo prazo.
A concentração da doença no público infantil tem ocorrido em associação ao vírus sincicial respiratório (VSR), com presença em 10,9% dos casos. Existem sete estados com esse perfil de infecção: Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia, Sergipe e Tocantins. Já a incidência nos adultos tem como agentes de desenvolvimento da SRAG, em prevalência, a covid-19 (68,6%) e a influenza A (12,6%) e B (7,9%).
O Distrito Federal é um exemplo de alta dos casos entre os adultos e queda entre as crianças. Bahia, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam sinais de redução para as duas faixas etárias, mostrou o monitoramento. Os especialistas alertam, contudo, que isso não é um indicativo de desaparecimento das doenças, pois é preciso observar os fatores que geram a SRAG.
"Observam-se tendências distintas entre os vírus associados aos casos em adultos nesses estados. Enquanto os casos associados à covid-19 sugerem desaceleração para os vírus influenza A e B, há indícios de aumento recente de influenza A e B em diversos desses estados", observa o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Óbitos
Quanto aos óbitos pela SRAG neste ano, até a primeira quinzena de abril, foram 2.678 óbitos, sendo a maior parte, 1.572 (58,7%), associada a algum vírus que causa insuficiência respiratória. No geral, a porcentagem das mortes por causa das influenzas A e B e da VSR, somadas, ficou abaixo de 15%. A maior ocorrência ainda é por causa do coronavírus — 85,6% de casos confirmados —, o que indica a importância da vacinação contra a covid-19.
Está prevista para amanhã, em vários municípios, um mutirão pela vacinação contra a covid-19 e a gripe. Os dois imunizantes podem ser aplicados na mesma ida ao posto de saúde para aquelas pessoas que não apresentarem algum problema mais grave.
O governo liberou, na segunda-feira, a aplicação da vacina bivalente para toda a população acima de 18 anos. Algumas unidades da Federação afirmaram que não têm imunizantes suficientes, mas, segundo o Ministério da Saúde, as doses estão sendo entregues conforme a demanda feita pelas secretarias de Saúde.