Pesquisa inédita revelou um aumento desproporcional na variação de temperaturas ao longo da costa brasileira. Conduzido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo indica que as regiões mais impactadas são o Sudeste e o Sul. As regiões Norte e Nordeste, apesar de apresentarem, normalmente, temperaturas mais quentes ao longo do ano, não registraram muita variação durante o período em que foi realizado o levantamento.
A pesquisa considerou dados de temperatura do ar registrados a cada hora do dia de uma série histórica que abrange os últimos 40 anos. Foram diferenciadas cinco regiões costeiras do país para a análise das ondas de calor nessas regiões, para considerar a variação na frequência e intensidade de eventos extremos de temperatura.
De acordo com a pesquisa, o estado brasileiro mais atingido pela variação de temperaturas é o Espírito Santo. Os dados revelam que os capixabas observaram um aumento de 188% na frequência das ondas de calor e de frio. Logo atrás, o Rio Grande do Sul aparece como segundo estado mais impactado, com 100%, ou o dobro, de aumento desses eventos nos últimos 40 anos.
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Atingido pelas fortes chuvas no litoral em fevereiro deste ano, o estado de São Paulo também registrou um aumento considerável do número de eventos de calor ou frio extremo, com variação de 86% durante o período analisado. Em outros estados, como Maranhão e Rio Grande do Norte, não houve alterações nos padrões de temperaturas extremas durante o ano.
Para o autor da pesquisa, Fábio Sanches, o aumento da variação térmica nesses estados pode causar sérios transtornos em áreas fundamentais para a vida humana, como a biodiversidade e a economia.
"Estes dados mostram como as regiões Sudeste e Sul brasileira já se encontram com impactos da temperatura do ar e que irão afetar a biodiversidade e até a economia. Identificamos o litoral do Espírito Santo como a região mais afetada dentre as que estudamos, pois, além das ondas de calor, foi a única região onde a frequência de ondas de frio é cada vez maior", destacou Sanches.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro