Há 15 anos, no dia 20 de abril de 2008, o padre Adelir Antônio de Carli, 41 anos, ficou conhecido como o 'padre dos balões' após se amarrar a mil balões de gás hélio para uma viagem saindo do Paraná com destino a Mato Grosso do Sul, mas que acabou com um final trágico.
Paraquedista experiente, o padre Adelir Carli, natural de Ampére, no Paraná, era responsável pela Pastoral Rodoviária, projeto de prestação de serviços a caminhoneiros que trafegavam na região.
O pároco tinha como plano, voar sentado em uma cadeira sustentada por balões de gás hélio e chegar até Dourados, no Mato Grosso do Sul, a quase 730 quilômetros de Paranaguá, no Paraná.
Além de chamar atenção e angariar fundos para a Pastoral Rodoviária, o objetivo era ficar 20 horas no ar para quebrar o recorde para este tipo de voo, alcançado por dois americanos que atingiram a marca de 19 horas voando com balões de gás hélio.
Antes disso, o padre Adelir fez um voo teste, com uma distância menor, saindo de sua cidade natal com destino a San Antonio, na Argentina. Na aventura, ele percorreu 25 quilômetros com 600 balões de gás hélio, a uma altitude de 5.300 metros acima do nível do mar. O trajeto durou quatro horas.
O acidente
No dia do acidente, o céu estava nublado e o tempo instável, mas mesmo assim o padre decidiu prosseguir com o voo.
Às 13 horas, do dia 20 de abril de 2008, Adelir partiu do Paraná rumo ao Mato Grosso do Sul preso a uma cadeira sustentada por mil balões e equipado por paraquedas, capacete, roupas impermeáveis, aparelho de GPS, celular, telefone por satélite, coletes salva-vidas, traje de voo térmico, alimentos e água.
Após vinte minutos da decolagem, o padre atingiu uma altitude de 5.800 metros acima do nível do mar, quase o dobro do que estava previsto. “Graças a Deus estou bem de saúde, consciência tranquila, tá muito frio aqui em cima, mas tá tudo bem”, disse Adelir durante contato com a equipe.
Momentos antes de perder a comunicação com o pessoal em terra, ele chegou a relatar que as condições climáticas não eram boas, e que estava tendo problemas com o GPS.
“Eu preciso entrar em contato com o pessoal para que eles me ensinem a operar esse GPS aqui para dar as coordenadas de latitude e longitude que é a única forma que alguém por terra possa saber onde eu estou. O celular via satélite fica saindo de área e além do mais a bateria está enfraquecendo", disse.
O último contato do sacerdote com a Polícia Militar aconteceu às 21h, cerca de oito horas após a decolagem, perto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina.
Ele foi considerado desaparecido por meses, até ser localizado os restos mortais em 4 de julho no mar do Rio de Janeiro por um barco rebocador que prestava serviços para a Petrobras.