Jornal Correio Braziliense

Justiça

Emirados Árabes autorizam extradição de Thiago Brennand

O pedido foi encaminhado pelo governo brasileiro em dezembro de 2022. Atualmente, Brennand tem cinco mandados de prisão preventiva decretados no país, sob suspeita de agressão e estupro

Autoridades dos Emirados Árabes Unidos aprovaram a extradição, para o Brasil, do empresário Thiago Brennand, 42 anos. O pedido foi encaminhado pelo governo brasileiro em dezembro de 2022. Atualmente, Brennand tem cinco mandados de prisão preventiva decretados no país, sob suspeita de agressão e estupro.

A solicitação foi atendida com base na promessa de reciprocidade em casos análogos, já que não há acordo bilateral sobre a matéria em vigor entre Brasil e os Emirados. Depois de apresentar a documentação complementar requerida pela chancelaria emirática, a embaixada brasileira em Abu Dhabi foi informada, em março deste ano, que o pedido de extradição de Brennand seguia em análise pelas autoridades competentes. A informação da extradição foi divulgada pela TV Globo. Até o fechamento desta edição, a defesa de Brennand não havia se manifestado.

Denúncias apresentadas à Justiça pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) enquadram o empresário em 11 crimes, que envolvem estupro, gravações não autorizadas e violência física e sexual. As vítimas relataram que foram mantidas em cárcere privado, estupradas, tendo sido algumas marcadas com tatuagens com as iniciais dele. Os casos teriam ocorrido em 2021 e 2022. A defesa de Brennand alega que ele está sendo perseguido para ser usado como "troféu" no combate à violência contra a mulher.

Seu atual advogado, Eduardo Cesar Leite, pediu a revogação da prisão nos cinco processos, argumentando que "a mídia brasileira pautou supostos fatos, impondo julgamento antecipado do acusado pelo simples fato de sua viagem aos Emirados Árabes". As solicitações foram negadas na semana passada.

Relembre o caso

Em outubro do ano passado, Thiago Brennand foi preso em Dubai pela Interpol. Ele estava foragido desde setembro, quando virou réu por ter agredido a modelo Helena Gomes, em uma academia de ginástica em São Paulo. A ação foi filmada pelas câmeras de segurança do estabelecimento, que ainda mostram um grupo de mulheres tentando contê-lo. O ataque deu início a uma série de denúncias contra o homem por cárcere privado e estupro, e também por abuso de poder contra um funcionário do condomínio onde mora.

O empresário deixou o Brasil em 4 de setembro, rumo aos Emirados, mas negou que tivesse fugido — embora tenha se recusado a entregar o passaporte. No mesmo dia, foi denunciado pelo MP-SP por lesão corporal e corrupção de menores, pois teria estimulado o filho a xingar Helena no dia do ataque na academia. Na época, a defesa de Thiago disse que ele retornaria ao Brasil em 18 de outubro.

A prisão foi decretada pela juíza Érika Soares de Azevedo Mascarenhas, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, depois do descumprimento da ordem judicial para entregar o passaporte até 23 de setembro. Ao ser dado como foragido, teve o nome incluído na lista vermelha da Interpol. Menos de três dias depois, Brennand recebeu mais um pedido de prisão preventiva, desta vez da Justiça de Porto Feliz. O empresário tem uma fazenda localizada na cidade do interior de São Paulo, que, segundo as denúncias, era usada na prática dos crimes pelos quais ele está sendo acusado.

O juiz Jorge Panserini, da 1ª Vara Criminal de Porto Feliz, pediu a contenção de Brennand com base em nove crimes — estupro, cárcere privado, tortura, lesão corporal, coação no curso do processo, constrangimento ilegal, ameaça, gravação sem autorização de ato sexual e divulgação de estupro ou sexo — que foram denunciados pelo Ministério Público. Entre os crimes listados, a divulgação e a filmagem não autorizada foram relatadas oito vezes.

Além dos casos de violência de gênero, Brennand responde a duas ações criminais por causa de episódios que protagonizou dentro do condomínio em que residia, em Porto Feliz. Ele teria agredido um garçom do restaurante Fasano e o caseiro do empreendimento. No dia 17 de março deste ano, a polícia apreendeu, em um clube de tiro em Atibaia, mais de 70 armas de fogo que seriam do empresário. Ele teve seu CAC suspenso e não pode possuir armamentos registrados em seu nome.

Desde que saiu do Brasil, o empresário veio a público somente por vídeos publicados no YouTube, nos quais expõe a sua versão sobre os acontecimentos. "Vão me prender injustamente", lamentou em gravação do dia 6.