Parte da Operação Libertação, a força-tarefa de Roraima destituiu 272 acampamentos de garimpeiros desde janeiro, quando o ministro de Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou a abertura de um inquérito policial para investigar os crimes de genocídio na região.
O Ministério dos Povos Indígenas aponta que pelo menos 99 crianças ianomâmis, entre 1 e 4 anos, morreram pelo avanço do garimpo em 2022. A causa dos óbitos são, em maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia. No mesmo ano foram confirmados mais de 11,5 mil casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, distribuídos em 37 Polos Base. Os mais afetados pela doença estão entre os maiores de 50 anos; na faixa de 18 a 49 anos; e crianças de 5 a 11 anos.
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A operação da Polícia Federal (PF) ocorre em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Forças Armadas, Força Nacional de Segurança Pública e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Outras três operações foram deflagradas paralelamente à Operação Libertação, estas pela Superintendência Regional da PF – Nau dos Quintos, Avis Aurea e BAL — além de outros 40 procedimentos investigativos que envolvem o garimpo ilegal. Esses processos resultaram no bloqueio judicial de R$ 65 milhões.
Crime organizado
O governo federal instituiu um grupo de trabalho (GT), coordenado pela Secretária de Acesso à Justiça (Saju, com representantes da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), PF e PRF, bem como os ministérios dos Povos Indígenas, Minas e Energia, Defesa, Direitos Humanos, Cidadania e da Fazenda, que possa propor medidas de combate ao crime organizado em territórios indígenas (TIs), após a divulgação de graves violações de direitos humanos.
Entre as ações humanitárias, mais de 105 toneladas de mantimentos e medicamentos foram transportadas para a região e 5,2 mil cestas básicas foram entregues; no hospital de campanha montado pela Força Aérea Brasileira (FAB) foram mais de mil atendimentos.
As equipes também fecharam rotas e rotas e acessos fluviais utilizados pelo garimpo, mapearam áreas e atuaram na segurança das bases operacionais na TI e prédios públicos na capital Boa Vista, caso houvesse manifestações.
As Operações Avis Aurea e Sisaque desarticularam, ainda, organizações criminosas que financiavam o garimpo na região, o contrabando de ouro extraído da Amazônia e a lavagem de dinheiro. Diversos órgãos deslocaram recursos para missão. Da PRF, foram 85 agentes, viaturas e dois helicópteros. O Ibama também mobilizou equipes ambientais e três aeronaves.