O Ministério Público Federal (MPF) denunciou um homem acusado de traficar brasileiros para trabalho escravo no exterior. De acordo com as investigações, as vítimas eram recrutadas no Brasil por meio das redes sociais, como Instagram, Facebook e WhatsApp, com a promessa de que seriam levadas à Tailândia para empregos com salário de U$ 1.500 (cerca de R$ 7,5 mil).
No entanto, ao chegarem Bangkok, na Tailândia, as vítimas – jovens brasileiros – eram entregues para uma organização criminosa comandada por chineses. Após isso, eram levadas para Mianmar e ficavam em um condomínio fechado, isolado e com vigias armados, conhecido como "KK Park".
No local, eram obrigados a assinar um contrato de trabalho e tinham os passaportes retidos. Para atrair as pessoas, em São Paulo, o homem fazia postagens com uma suposta vida de luxo na Tailândia. Ele ganhava entre U$ 500 e U$ 1.000 para cada pessoa traficada e teria traficado pelo menos 12 pessoas. O acusado está preso desde dezembro do ano passado.
- MPF pede que União pague R$ 128 milhões de indenização pela morte de Genivaldo
- MPF no DF abre apuração para investigar Bolsonaro por peculato
As vítimas eram obrigadas a aplicar golpes em cidadãos dos Estados Unidos. "O trabalho consistia em aplicação de golpes pela Internet. As vítimas eram obrigadas a estabelecer contato com americanos idosos, passando-se por mulheres bem-sucedidas, visando posterior aplicação de recursos em criptomoedas fraudulentas. A parte final do golpe era feita por chineses também escravizados. As jornadas de trabalho chegavam a 14 horas diárias, sob condições degradantes – pouco ou nenhum intervalo para descanso, sendo necessário autorização até para ir ao toalete", informou o MPF.
Os jovens traficados tinham de pagar por itens de higiene, eram cobrados multas caso não se atingisse as metas e quem tentava denunciar era colocado em um local isolado. O resgate foi realizado no fim do ano passado pelo governo brasileiro.