Jornal Correio Braziliense

São Paulo

Padre Júlio pede que despejo de moradores de rua pare durante Semana Santa

Capital paulista retomou a retirada de moradores de rua das calçadas e praças na última segunda-feira (3/4); prefeito afirma que ação ocorre para não atrapalhar a passagem de transeuntes

O padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, pediu que o governo da capital paulista faça uma pausa na ação de retirada dos moradores de rua nos próximos dias. "Nós pedimos uma trégua na Semana Santa e a disponibilização de locais adequados para essas pessoas. Queremos conversar", afirmou o religioso nesta terça-feira (4/4).

A prefeitura de São Paulo retomou as ações de retirada de barracas e remoção de moradores de rua na última segunda-feira (3), após a Justiça de SP derrubar uma liminar que impedia o despejo da população de rua quando ocupasse vias ou praças públicas da capital, ação prevista em decreto desde 2020 e suspensa em fevereiro deste ano, via medida judicial.

O padre Júlio também afirmou que a ação policial tem sido feita de maneira “truculenta, indiscriminada e violenta". Na denúncia, o ativista disse ainda que essas pessoas não são informadas sobre o destino de seus pertences, e que alimentos e medicamentos também são descartados ou apreendidos pela polícia.

"Ação humanizada de acolhimento"

O prefeito da cidade, Ricardo Nunes, apontou que a retirada de barracas durante o dia faz parte de uma proposta de "ação humanizada de acolhimento" da gestão municipal.

Nunes argumentou ainda que São Paulo é “uma cidade para todos” e que barracas nas calçadas atrapalham a passagem dos demais cidadãos. A suspensão da retirada seria o equivalente a "defender" a permanência das pessoas que não possuem moradia nas ruas, segundo o prefeito.

Censo antecipado pela Prefeitura de São Paulo divulgado em janeiro de 2022 revelou que a população em situação de rua cresceu 31% nos últimos dois anos na cidade. A cidade tem ao menos 31,8 mil moradores de rua. Das 645 cidades paulistas, 449, ou 69,6% do total, têm quantidade de moradores menor do que a população em situação de rua aferida em São Paulo.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro