Uma mulher negra foi expulsa de um avião da GOL em voo da rota de Salvador a São Paulo, na noite de sexta-feira (29/4). A mulher, identificada como Samantha, questionou a abordagem de três agentes da Polícia Federal. Passageiros que assistiram e registram a cena se revoltaram, denunciando racismo por parte da companhia. A empresa afirma que a expulsão ocorreu por "medida de segurança". O caso gerou reações de personalidades e parlamentares nas redes sociais.
A deputada federal Erika Hilton (PSol-SP) prestou solidariedade a Samantha. "Nós reivindicaremos saber os motivos oficiais que levaram a essa intimidação absurda e lutaremos para que Samantha seja atendida em quaisquer que sejam suas reivindicações de reparação pela humilhação e constrangimento que sofreu", escreveu a parlamentar no Twitter.
Toda minha solidariedade à Samantha Barbosa, mulher negra, pesquisadora, constrangida e intimidada e retirada de um vôo por 3 policiais por não querer despachar seu notebook.
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) April 29, 2023
Os policiais não quiseram informar o motivo oficial alegado pelo comandante da @VoeGOLoficial ter pedido… pic.twitter.com/GwbHTAFXgo
A deputada estadual Renata Souza (PSol-RJ) afirmou que a GOL precisa explicar o que aconteceu, já que a mulher, segunda ela, foi retirada do voo sem justificativa. "Afinal, ela tinha direito, assim como todos, a viajar com a bagagem de mão", comentou. Já o apresentador Manoel Soares, do programa Encontro, da TV Globo, também cobrou explicações da companhia aérea pela expulsão da mulher do voo. "Esperamos que não seja o que parece", disse.
O apresentador conseguiu apoio de dois advogados para auxiliar Samantha. Após prestar depoimento e ter que assinar um Termo Circunstanciado, ela foi liberada da delegacia do aeroporto. "Agradeço aos advogados Fernando Santos e Rebeca Leonardo, que deixaram suas famílias e de prontidão foram dar suporte jurídico e emocional a Samantha", comentou Manoel.
Voo 1575 de Salvador para São Paulo.
— Manoel Soares - TV (@ManoelSoares_) April 29, 2023
Samantha ainda está, até esta postagem, detida no aeroporto e não sabe o porque.@VoeGOLoficial qual explicação para uma atitude dessas?
Esperamos que não seja o que parece. pic.twitter.com/ViJ1z8JNp1
Entenda o caso
A discussão teria começado depois que funcionários da companhia aérea tentaram despachar a mochila de Samantha, sob a justificativa de que não havia espaço nos compartimentos acima das poltronas. "A tripulação ignorava completamente o desespero desta mulher, que era obrigada a despachar a mochila com seu computador - sendo, inclusive, acusada por parte da tripulação de ser 'a razão do atraso'. Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e nem mesmo assim o voo decolaria. Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da companhia área, gente passando mal no avião e eis que três homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no avião para levar a 'ameaça' do voo embora - a Samantha", contou a jornalista Elaine Hazin, que registrou a situação, em postagem no Instagram.
No vídeo, é possível ouvir um homem retrucando Samantha. "A senhora está faltando com a verdade, eu não disse isso, eu disse que eu estava retirando a senhora por determinação do comandante", afirmou. Segundo a jornalista, em postagem no Instagram, o caso é um exemplo "violento de racismo". Segundo a companhia aérea GOL, a mulher foi expulsa do voo porque se recusou a colocar a bagagem nos locais corretos.
"Havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo", informou a empresa em nota enviada ao Correio.
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