SALVADOR

Mulher negra é expulsa de voo por causa de bagagem e passageiros se revoltam

Em relatos nas redes sociais, passageiros e internautas denunciam racismo por parte da companhia e pedem explicações. A GOL informou que a expulsão ocorreu por "medida de segurança"

Benjamin Figueredo
Aline Gouveia
postado em 29/04/2023 13:28 / atualizado em 29/04/2023 13:39
 (crédito: Reprodução/Instagram)
(crédito: Reprodução/Instagram)

Uma passageira negra foi retirada de voo da Gol que partia de Salvador com destino a São Paulo na noite de sexta-feira (28/4). Passageiros que assistiram e registram a cena se revoltaram, denunciando racismo por parte da companhia. A mulher, identificada como Samantha Vitena, questionou a abordagem de três agentes da Polícia Federal. "Faz mais de uma hora que eu coloquei a mochila, mas o voo não decolou. Agora vieram três homens para me tirar do voo, sem me falar o motivo", disse.

No vídeo, registrado pela jornalista Elaine Hazin, é possível ouvir um homem retrucando Samantha. "A senhora está faltando com a verdade, eu não disse isso, eu disse que eu estava retirando a senhora por determinação do comandante", afirmou. Segundo a jornalista, em postagem no Instagram, o caso é um exemplo "violento de racismo".

"Meu coração está sangrando neste momento. Presenciei agora à noite um caso extremamente violento de racismo, sofrido por uma mulher negra no voo 1575 da Gol, chamada Samantha. Depois de uma hora de atraso, embarcamos e Samantha não conseguia um lugar para guardar sua mochila, o voo estava “cheio” para ela (quando não está, né?). A tripulação ignorava completamente o desespero desta mulher", escreveu Elaine na postagem.

 
 
 
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A discussão teria começado depois que funcionários da companhia aérea tentaram despachar a mochila da passageira, sob a justificativa de que não havia espaço nos compartimentos acima das poltronas. "A tripulação ignorava completamente o desespero desta mulher, que era obrigada a despachar a mochila com seu computador - sendo, inclusive, acusada por parte da tripulação de ser 'a razão do atraso'. Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e nem mesmo assim o voo decolaria. Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da companhia área, gente passando mal no avião e eis que três homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no avião para levar a 'ameaça' do voo embora - a Samantha", conta a jornalista em seu relato.

"Samantha era uma ameaça por ser uma mulher, ser preta, ter voz. Ela foi levada pela polícia, eu quase fui levada junto por defendê-la, me agrediram, me ameaçaram. A mãe de Samantha chorava desesperada ao telefone por não saber o destino de sua filha. Eu chorava também. Outras mulheres e homens se desesperavam. O que eles não sabiam é que Samanta não estava só - e que enquanto pudermos, enquanto tivermos forças vamos lutar todos juntos contra o racismo!", continuou Elaine.

Na postagem, ela explica ainda que pediu auxílio ao jornalista Manoel Soares, apresentador da Globo, que conseguiu o apoio de dois advogados. Em sua conta pessoal, Manoel avisou que, após prestar depoimento e ter que assinar um Termo Circunstanciado, Samantha foi liberada da delegacia do aeroporto.

 
 
 
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Posição da companhia

Segundo a companhia aérea GOL, a mulher foi expulsa do voo porque se recusou a colocar a bagagem nos locais corretos. "Havia uma grande quantidade de bagagens para serem acomodadas a bordo e muitos clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente. Mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo", informou a empresa em nota enviada ao Correio.

A GOL ainda disse lamentar o ocorrido e afirmou que as regras devem ser seguidas sem exceções. "Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de Segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções. A companhia ressalta ainda que busca continuamente formas de evitar o ocorrido e oferecer a melhor experiência a quem escolhe voar com a GOL e segue apurando cuidadosamente os detalhes do caso", disse.

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