Um jovem de 14 anos, suspeito de planejar ataque a uma escola, em Maquiné (RS), foi apreendido na noite de terça-feira. Na casa do adolescente, a Polícia Civil recolheu material que fazia apologia ao nazismo. Os pais do rapaz também foram encaminhados para depor e, até o fechamento desta edição, permaneciam detidos.
O adolescente responderá por ato análogo ao terrorismo, apologia ao nazismo e organização criminosa. Os investigadores encontraram bandeiras e fotos de nazistas e fascistas, imagens de Adolf Hitler e Benito Mussolini, além de simulacro de arma de fogo, facas, canivetes, fardas camufladas e capacetes. O jovem das ameaças será encaminhado a uma unidade socioeducativa.
"Ele participava desses grupos que fomentavam e discutiam esse tipo de ataque, mas ele também tinha uma razão de ordem pessoal envolvendo a escola, algo que a gente acaba preservando pela investigação. Ele admitiu que esse ataque era iminente. Razões da investigação nos levam a crer que o ataque seria perpetrado na manhã desta quarta (ontem)", explicou o diretor do Grupamento de Operações Especiais da Core, delegado Marco Antônio de Souza.
Saiba Mais
- Brasil Mulher filmada agredindo entregador apresenta atestado e depoimento é adiado
- Brasil Boate Kiss: exposição na Câmara pede reversão da anulação do julgamento
- Brasil Confira o resultado do concurso 2582 da Mega-Sena; prêmio é de R$ 3,8 milhões
- Brasil Brasileiras presas na Alemanha após troca de de malas vão buscar reparação na Justiça
Agressão
No Ceará, duas crianças de nove anos foram feridas em um ataque à escola Isaac de Alcântara Costa, na zona rural do município de Farias Brito. Uma delas sofreu ferimentos superficiais e recebeu alta, mas a outra teve lesões mais graves e foi preciso transferi-la para o Hospital Santo Antônio, em Barbalha — o estado geral é estável.
O agressor foi apreendido pela polícia. A Prefeitura de Farias Brito divulgou nota na qual salienta que "a segurança dos alunos é uma prioridade para a administração municipal e que estamos trabalhando para garantir que todas as escolas municipais tenham um ambiente seguro e acolhedor para os estudantes".
Em publicação em uma rede social, Jade Romero, governadora em exercício do Ceará, comentou o episódio: "Recebi com preocupação a notícia de um episódio de violência ocorrido numa escola municipal na zona rural de Farias Brito, no Cariri, que deixou duas crianças feridas. Estou acompanhando o caso, inclusive mobilizando nossos secretários", garantiu.
Na Bahia, quatro adolescentes chegaram a ser apreendidos depois de propagarem boatos de ataques a escolas. Entre as mensagens está uma que diz que haveria um ataque em massa em escolas em um mesmo dia. Porém, Secretarias de Segurança de alguns estados, como São Paulo e Espírito Santo, têm alertado que a maioria dessas publicações são falsas e o objetivo é de somente gerar pânico.
Daniel Pedrera, historiador especialista em extrema direita no Brasil, destaca que as redes sociais têm ajudado a impulsionar os discursos de ódio. Segundo ele, há uma organização nas redes sociais nas quais se coopta "menores para a radicalização".
"Abril, simbolicamente, tem relação à questão de massacres escolares por dois motivos extremamente específicos. O primeiro, é o massacre de Realengo e, o segundo, é o de Columbine, nos Estados Unidos. Era esperado que ataques fossem ocorrer e isso está sendo avisado há tempos, mas, infelizmente, pegou a maioria das autoridades de surpresa", lamenta o pesquisador.
Para o criminalista Luiz Antonio Calhao, as redes sociais têm sido um terreno fértil para alcançar jovens de mentes fragilizadas. "Existe um grande número de pessoas que idolatram os autores de ataques em escolas. Essa idolatria circula livremente nas redes sociais. Toda vez que acontece é uma tragédia dessas, existem manifestações positivas na internet, com elogios e, até mesmo, comemorações. De alguma forma, a internet incentiva esse tipo de prática e ajudou a disseminar essa possibilidade", afirma o criminalista.
*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.