Justiça

Trabalhadora do Espírito Santo será indenizada após sofrer homofobia

Na sentença, testemunhas relataram que o supervisor da empresa jogava indiretas sobre a orientação sexual da funcionária

Agência Brasil
postado em 11/04/2023 20:18
 (crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Uma funcionária terceirizada da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que foi vítima de homofobia, receberá uma indenização de R$10 mil. A decisão da Justiça do Trabalho tem como alvo a empresa Agile Empreendimentos e Serviços Eireli, que presta serviços de limpeza para a UFES. De acordo com a ação, Tamyris Merilho foi alvo de agressões verbais pelo chefe, por ser homossexual e teria sido demitida por esse motivo. 

Na sentença, testemunhas relataram que o supervisor da empresa jogava indiretas sobre a orientação sexual da funcionária e lia a bíblia no local de trabalho para reforçar a defesa de que "Deus fez a mulher para o homem". O supervisor também teria sido racista e gordofóbico. Uma testemunha afirmou que ele deixava claro para todos que "não gostava de negra, gorda e homossexual".

Na sentença, a juíza Anielly Menezes Silva afirma estar convencida de que Tamyris foi vítima de agressões morais e discriminação em razão da sua orientação sexual e que a dispensa do emprego teve relação com o fato.  Tanto a vítima quanto a empresa ainda podem recorrer da decisão. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Prestadoras de Serviços de Asseio e Conservação do Espírito Santo (Sindilimpe), Evani dos Santos Reis, autor da ação, informou que vai pedir aumento da indenização.

"O Sindilimpe entende que R$ 10 mil não pagam tudo que essa pessoa passou, então estamos, sim, recorrendo. Nós agradecemos a Justiça do Trabalho por esse reconhecimento, mas a gente entende que foi um valor muito baixo, e essa pessoa continua fazendo assédio com vários trabalhadores, é uma pessoa muito preconceituosa. A gente repudia qualquer outra empresa terceirizada e representante que não respeite a opção sexual, de gênero e a etnia de cada um", acrescentou Reis.

A reportagem não conseguiu contato com a  Agile Empeendimentos e Serviços Eireli. Na ação, a defesa da empresa negou os fatos, afirmando que a trabalhadora sempre foi respeitada e jamais foi questionada a respeito de sua sexualidade.

Em nota, a Universidade Federal do Espirito Santo informou que vai realizar uma apuração interna para verificar se a empresa poderá sofrer alguma sanção. A nota também reafirma o compromisso da UFES com o respeito à diversidade e repúdio a qualquer prática de homofobia.

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