racismo

Deputada chora ao relatar episódio de racismo na Alesp

A parlamentar foi impedida por uma servidora de assinar o livro de presença sob a justificativa de que era "só para deputados"

Correio Braziliense
postado em 01/04/2023 03:55
 (crédito: Reprodução/Redes sociais)
(crédito: Reprodução/Redes sociais)

Na sessão plenária de ontem da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), a deputada estadual Thainara Faria (PT-SP), que é negra, denunciou que foi vítima de dois episódios de racismo na própria Casa, onde cumpre seu primeiro mandato. Um deles aconteceu horas antes, quando foi impedida por uma servidora de assinar o livro de presença sob a justificativa de que era "só para deputados".

A parlamentar estava sentada à mesa, com uma placa de "deputada" à sua frente, e estava usando o bóton dado aos membros do Poder Legislativo estadual. Thainara afirmou que ouviu a servidora comentar, pelas suas costas, "é difícil" e decidiu confrontá-la. A servidora teria respondido "é que a senhora é nova, e a gente não aprendeu ainda quem são os deputados".

No discurso que fez, indignada, Thainara mostrou que todos os servidores recebem uma folha com o nome e uma fotografia de cada membro da Alesp. Em nota, o presidente da Casa, André do Prado (PL-SP), disse que substituiu a servidora.

O outro episódio de racismo sofrido pela deputada teria ocorrido em 15 de março, data da cerimônia de posse dos deputados. Thainara afirma que foi impedida de entrar na Alesp por uma servidora e uma policial. Ambas, porém, liberaram a entrada do assessor de comunicação da parlamentar — um homem branco — e duvidaram que Thainara fosse tomar posse. "Aqui é só para os deputados. Cadê seu bóton?", disseram a servidora e a policial.

De acordo com a assessoria da parlamentar, os bótons estavam sendo entregues dentro da casa, para os empossados na cerimônia. Thainara afirmou, no emocionado discurso, que na cerimônia de posse mais de 10 vezes lhe pediram que abrisse espaço "para os deputados passarem".

"Vocês não estão acostumados com uma mulher preta circulando nesta casa. Não tem por que me barrar nos espaços, não tem por que me impedir de assinar um livro. O racismo, quando não dói, mata a gente", disse, indignada.

A equipe jurídica da parlamentar afirma que está elaborando um requerimento para a abertura de uma sindicância contra a servidora que a impediu de assinar o livro, ontem. Questionado sobre as providências que seriam adotadas por causa dos dois episódios denunciados por Thainara, a Presidência da Alesp limitou-se a dizer que "o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado (PL), se solidariza com a deputada.

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