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HPV: baixos índices de vacinação alertam para falta de ações estratégicas

Vírus é um dos principais responsáveis pela incidência de câncer do colo do útero em mulheres brasileiras. Prevenção ainda é mal informada à população

Com base nos registros do Plano Nacional de Imunização (PNI), um estudo da Fundação do Câncer constatou que todas as taxas para vacinação do Papilomavírus Humano (HPV) estão abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A vacina, distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para a faixa etária de 9 a 14 anos, para meninos e meninas é a forma mais eficaz de combater o câncer de útero nas mulheres. O documento foi feito para chamar a atenção para o Dia Mundial da Prevenção do Câncer de Colo do Útero, neste domingo (26/3).

Em geral, o Brasil tem baixas adesões à segunda dose do imunizante em todo o país. A média é de 75,8% na primeira dose e 57,4% na segunda dose para o público feminino e de 52,2% na primeira, 36,5% na segunda para o masculino. Porém, na região Norte encontram-se a adesão mais baixa, sendo que para o retorno da dose do imunizante a situação piora.

Roraima teve a maior cobertura vacinal na população feminina e o Acre a menor, com menos de 40% na primeira dose e pouco mais de 25% na segunda. Para os garotos, a maior adesão foi no Tocantins, chegando a quase 60% na primeira dose.

Por outro lado, a região Sul é a protagonista nos altos índices de vacinação para esse vírus. No geral, a cobertura vacinal chegou a quase 88% na primeira e a 62% na segunda dose.

Conhecimento populacional

Os dados demonstram uma falta de desconhecimento tanto das crianças, adolescentes, quanto dos pais ou responsáveis. Praticamente a metade do público que deveria tomar a vacina não sabe o número exato de doses. Entre 26% e 37% desconhece a sua prevenção; e 82% acha que protege contra outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). Outra falsa informação é de que pode incentivar iniciação sexual precoce (entre 35 a 47%).

Entre os pais e responsáveis, 46% não sabiam o número de doses correto, 61% não conheciam a população-alvo e 74% pensavam que protegia contra ISTs. Entre os profissionais de saúde, quase a metade (49%) não se considerava responsável por ações educativas.

O estudo aponta uma urgente necessidade de ações estratégicas dos gestores para ajustar as desigualdades e informar. Caso contrário, não será possível erradicar a doença do país. “A pesquisa demonstrou conhecimento insatisfatório sobre segurança, efetividade, população-alvo e número de doses da vacina, sendo imprescindível superar as barreiras informacionais identificadas”, concluiu.

O Brasil tem a incidência de câncer de útero de 49 a cada 100 mil mulheres entre 25 a 64 anos, de acordo com a publicação Um retrato do câncer do colo do útero no Brasil. A maior taxa é na região Norte, onde foram diagnosticados 76 novos casos a cada 100 mil mulheres. Essa percentual é, por exemplo, mais que o dobro da região Sudeste (pouco mais de 35%).