O Brasil tem 13.648 áreas de risco, das quais 4.160 mil estão classificadas como áreas de risco muito alto e outras 9.498 como de risco alto, colocando a vida de 3.983 milhões de pessoas a perigo. Os dados são do Mapa de Prevenção de Desastres do Serviço Geológico do Brasil, divulgados nesta sexta-feira (10). O órgão é vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME).
De acordo com dados do levantamento, os estados mais impactados são Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. “Esses estados têm grande parte do relevo caracterizado por áreas bastante montanhosas. Os municípios estão parcialmente assentados sobre terrenos inclinados, morros e regiões serranas e naturalmente são áreas sujeitas a processos de instabilização de encostas - os deslizamentos”, explicou o coordenador executivo do Programa de Cartografia de Áreas de Risco Geológico, Julio Lana, geólogo pesquisador do Serviço Geológico (SGB).
Ele também destacou que são regiões suscetíveis a desastres devido à alta densidade populacional. “Além disso, são estados que têm [áreas] hidrográficas consideráveis, com rios bastante importantes e grandes terrenos ocupados nas margens desses rios, o que sujeita a população a sofrer com os eventos de inundação”, disse o pesquisador.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) aponta que o número de pessoas morando em áreas de risco é ainda maior. Há pelo menos 825 municípios que registram 27.666 áreas de risco, nas quais vivem 8,2 milhões pessoas em áreas de risco. Contudo, os dados são do Censo Demográfico do Brasil de 2010.
- Porcentagem de Áreas de Risco Alto e Muito Alto
- Alto 69,54%
- Muito alto 30,46%
- Tipologia geral
- Deslizamento 7 mil ocorrências
- Inundação 4,5 mil
- Erosão 812
- Enxurrada 446
- Queda 403
- Enchente 295
- Outro 274
Fonte: Mapa de Prevenção de Desastres do Serviço Geológico do Brasil
Alerta para enxurradas e alagamentos
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) emitiu alerta moderado para a ocorrência de “eventos hidrológicos”, com enxurradas e alagamentos, além de deslizamentos em diferentes regiões do país.
“É um momento em que são esperadas chuvas, mas não acreditamos que seja um momento desesperador. Os municípios precisam estar atentos para seguir o plano de contingência, mas ainda não é o caso de retirar pessoas das casas. E há casos de maior singularidade, como nas encostas, por isso, é preciso olhar para cada cidade”, avalia Regina Alvalá, diretora substituta do Cemaden.
No Sul, as regiões que mais preocupam estão em Santa Catarina e Paraná apontam para o risco de enxurradas e alagamentos, devido à previsão de chuva, com pancadas de intensidade moderada a forte no Norte Catarinense e região Metropolitana de Curitiba.
No Sudeste, os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro também poderão registrar enxurradas e alagamentos provocados por chuvas. O litoral Sul Paulista, a região Metropolitana de São Paulo e o Vale do Paraíba Paulista merecem especial atenção.
No Norte, o estado do Amazonas é o que mais preocupa, com chuvas principalmente na capital Manaus. “Devido aos acumulados registrados nas últimas 72 horas e a previsão de chuva no decorrer do dia, que pode ser de forte intensidade localmente, e gerar acumulados suficientes para deflagrar deslizamentos nas áreas com suscetibilidade”, diz o relatório climático.
“É um movimento típico do verão, mas estamos num momento de início de governo, que pode ser especialmente voltado para estabelecer políticas públicas para a diminuição da pobreza e nos preparar melhor para eventos extremos, mais frequentes”, avalia a pesquisadora.