Escravidão

Volkswagen abandona reparação por trabalho escravo; empresa "rejeita" alegações

Segundo o MPT, a empresa afirmou que não tem interesse em firmar acordo de R$ 165 milhões em indenização por trabalho escravo praticado no Pará durante a ditadura militar

Correio Braziliense
postado em 31/03/2023 16:09 / atualizado em 31/03/2023 16:10
 (crédito: JENS SCHLUETER / AFP)
(crédito: JENS SCHLUETER / AFP)

A montadora de carros Volkswagen deixou — sem acordo — uma audiência com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em que era discutida a reparação por trabalho escravo praticado na Fazenda Vale do Rio Cristalino (Fazenda Volkswagen), no Pará, durante o período da ditadura. A ação envolvia o pagamento de R$ 165 milhões em indenizações a 14 trabalhadores.

De acordo com a publicação do MPT, a empresa afirmou que não tinha interesse em firmar um acordo e que, apesar de 14 vítimas estarem envolvidas na ação, outros trabalhadores teriam que ser localizados para receber a indenização.

Em depoimento, os trabalhadores relataram que viviam em situação degradante de trabalho na Fazenda, sob violência e violações de direitos humanos. Segundo o MPT, as investigações apontaram que as violações incluíam falta de tratamento médico nos casos de malária, impedimento de saída da fazenda, em razão de vigilância armada ou de dívidas contraídas (servidão por dívidas), alojamentos instalados em locais insalubres, sem acesso à água potável e com alimentação precária.

A Fazenda Vale do Rio Cristalino (conhecida também como Fazenda Volkswagen) tinha cerca de 40 mil hectares — o equivalente à área da cidade de São Paulo.

O MPT fez uma declaração direta sobre o caso e disse que lamenta a postura da Volkswagen porque "contraria seu discurso de compromisso com o país e com os direitos humanos, pois se trata de uma gravíssima violação que ocorreu durante mais de 10 anos com a sua participação direta".

Em nota encaminhada ao Correio, a Volkswagen do Brasil rejeitou todas as alegações apresentadas e diz não concordar com as declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros.

Veja a nota na íntegra:

“O Ministério Público Federal do Trabalho iniciou um processo administrativo contra a Volkswagen do Brasil, em 2019, e notificou a empresa apenas três anos após o início das investigações. A Volkswagen do Brasil rejeita todas as alegações apresentadas nos registros da presente investigação sobre a Fazenda Vale do Rio Cristalino e não concorda com as declarações unilaterais dos fatos apresentados por terceiros. A empresa reforça o compromisso com a responsabilidade social, segue comprometida com os valores éticos e continuará participando e contribuindo para as adequadas condições de trabalho dos seus empregados, bem como para a evolução positiva da sociedade”.

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