Por causa do caso do garoto de 13 anos, que na segunda-feira matou uma professora a facadas na Escola Estadual Thomázia Montoro, na capital paulista, o Ministério da Educação (MEC) propôs, ontem, a criação de um grupo interministerial para tratar dos ataques nas instituições de ensino. Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, a ideia é elaborar um programa de combate à violência com a participação dos municípios e das unidades das Federação.
"Cada caso de violência nas escolas ou incitação à violência deveria ser tratado por uma rede de proteção social, formada por educadores da escola, psicólogos, assistentes sociais, policiais, integrantes da promotoria e vara da infância e juventude, visando à realização de um estudo de caso para adoção da medida mais adequada. Desde medidas de orientação, envolvendo os pais ou responsáveis, de inclusão social e até de inclusão em programas de atendimento de saúde mental", afirmou Ariel de Castro Alves, Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, ao Correio.
Para a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Jade Beatriz, é fundamental que esses ataques se tornem um tema a ser discutido com profundidade pelo MEC. "É um passo bastante importante para conter essa escalada. Existem boas perspectivas quando pensamos a educação, juntamente com as questões sociais, raciais e de gênero e contendo os grupos que proliferam o discurso de ódio. A escalada da violência nas escolas atinge a todos, não é algo isolado ou regional", observou.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), aponta que os ambientes escolares estão cada vez menos seguros para alunos e docentes. Ainda segundo o levantamento, a falta de segurança e relatos de violência crescem na periferia paulistana.
Segundo Castro Alves, a crescente violência é resultado da falta de educação contra as formas de intolerância — como racismo ou discriminação por opção sexual. Para ele, os currículos escolares deveriam incluir matérias que versassem sobre direitos humanos, cidadania e cultura de paz. Além disso, ele considera que a saúde mental dos alunos não pode mais ser um tabu.
"São vários os fatores, como a falta de espaços de participação e organização dos alunos, e de diálogo e integração com famílias dos alunos e comunidades. Precisam ter matérias de enfrentamento à incitação ao ódio e à intolerância, ter equipes técnicas, com psicólogos e assistentes sociais. E ter professores mediadores para atuarem na prevenção da violência", cobrou o secretário.
*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi
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