Manaus

Projeto estuda fatores de risco cardiovasculares em indígenas não aldeados

Com a perda de qualidade de vida dessa população, há o aumento de indígenas hipertensos e diabéticos, o que leva a doenças cardiovasculares. Essa é a segunda etapa de projeto inédito da Fiocruz, em Manaus, com indígenas em contexto urbano

Tainá Andrade
postado em 16/03/2023 17:40 / atualizado em 16/03/2023 17:40
 (crédito: Alex Pazuello / Prefeitura de Manaus)
(crédito: Alex Pazuello / Prefeitura de Manaus)

Projeto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que monitora os serviços de saúde aos indígenas desaldeados e as dificuldades enfrentadas para o acesso deles à saúde pública iniciou a segunda fase de execução, com a busca de fatores de risco cardiovasculares nessa população. "Manaós: Saúde da População Indígena em Contexto Urbano" atende 750 famílias, aproximadamente 2.800 indígenas, de 35 etnias, que vivem atualmente no Parque das Tribos, primeiro bairro indígena de Manaus, na zona Oeste da capital.

Inédita no país, a pesquisa mostrará as consequências vividas por indígenas que vivem em contextos urbanos e periféricos das grandes cidades. De acordo com o pesquisador da Fiocruz Amazônia Rodrigo Tobias de Souza Lima, coordenador do projeto, quando essas pessoas migram elas estão em busca de qualidade de vida e oportunidades de trabalho, mas o que encontram é o contrário.

“A pesquisa nos permitirá entender a dinâmica caracterizada pela vinda dos indígenas de suas tribos e aldeias para as áreas urbanas, onde passam a ter acesso a um novo modo de vida, implicando na mudança de hábitos alimentares, que aumentam a prevalência de hipertensão e diabetes entre eles. Neste sentido, iremos investigar os fatores de risco de doenças cardiovasculares dado o aumento da prevalência de indígenas hipertensos e diabéticos”, explicou o pesquisador.

Além disso, uma proposta indireta do projeto tem sido fortalecer a visibilidade à comunidade indígena, junto com o acesso à saúde. “Eles não se veem pertencentes a um território como se viam nas aldeias, e por outro lado ficam à mercê ou invisíveis para as políticas públicas”, ponderou Tobias.

Com a primeira etapa dos trabalhos do projeto, um dos resultados foi a criação da Associação Indígena e de Moradores do Parque das Tribos (Aimpat). A outra conquista foi o início da execução da construção da primeira UBS da Prefeitura de Manaus, que terá uma visão culturalmente diferenciada para as populações indígenas. Isso irá garantir o acesso aos serviços de saúde de forma planejada.

Todo o trabalho do projeto, que começou em 2019, é financiado pelo Ministério da Saúde e pelo Programa Inova Fiocruz.

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