MINAS GERAIS

Criminosos se passam por comandante da PM para aplicar golpe em militares

Prejuízo total ultrapassa R$ 700 mil, sendo que uma das vítimas chegou a perder R$ 200 mil; alvos eram idosos ou portadores de doenças graves

Silvia Pires - Estado de Minas
postado em 16/03/2023 11:02 / atualizado em 16/03/2023 11:02
 (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Cerca de 30 agentes da Polícia Militar e Forças Armadas foram vítimas de um golpe milionário de uma quadrilha especializada em estelionato. Os criminosos afirmavam que eles tinham dinheiro a receber de ações previdenciárias. Para dar credibilidade ao esquema, eles ainda utilizavam nomes de autoridades do alto comando da Polícia Militar.

Os alvos eram militares da reserva e pensionistas, geralmente pessoas idosas ou portadoras de doenças graves. A quadrilha entrava em contato dizendo que a vítima tinha uma causa ganha em uma ação coletiva contra a previdência social. "Eles viam nessa promessa a possibilidade de conseguir um tratamento para seu problema de saúde", conta Peterson Queiroz Araújo, promotor de Justiça.

O golpe funcionava da seguinte forma: o suspeito entra em contato por telefone, fingindo ser advogado. "Eles tinham dados bastante detalhados desses militares da reserva, a partir daí entravam em contato informando que a pessoa tinha valores a receber", explica Araújo. Em seguida, a vítima era orientada a ligar em um número 0800 para confirmar seus dados.

"Ele era atendido por outro criminoso, que se passava por major ou coronel da PM, e confirmava informações, como valor do benefício e dados pessoais da vítima", comenta o promotor. Como a quadrilha já tinha os dados pessoais das vítimas, eles não desconfiavam. "A forma como obtiveram essas informações será investigada", destaca.

No entanto, o estelionatário diz que, para receber o dinheiro, o beneficiário precisaria transferir uma determinada quantia, sob a alegação de que o valor iria cobrir as custas do processo e honorários. "Eles diziam que o direito estaria se esgotando, se não pagasse o valor iria retornar para os cofres públicos", detalha.

Após pagar o valor, a quadrilha entrava em contato novamente dizendo que o benefício havia sido recalculado e a pessoa deveria fazer um novo depósito para cobrir as despesas. "Enquanto a pessoa não percebesse que estava sendo vítima de um golpe, ela ia depositando até perder uma quantia razoável ou ser alertada por algum familiar", conta o promotor. Uma das vítimas, de 84 anos, chegou a perder cerca de R$ 200 mil. O prejuízo total ultrapassa R$ 700 mil.

Quadrilha é desarticulada

Na manhã desta quarta-feira, seis integrantes da quadrilha foram presos em operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da unidade Belo Horizonte do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

A operação, apelidada de "O Ilusionista", cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Contagem, Betim, Ibirité, Mateus Leme e São Francisco.

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