DOAÇÃO DE ORGÃOS

Empresária doa seis órgãos do filho e chama atenção para o assunto

Fernando morreu aos 23 anos, após ser atropelado por uma caminhonete em rodovia ao sair de uma festa. Mesmo sem nunca ter conversado com o filho sobre o assunto, a mãe resolveu fazer a doação dos órgãos dele

Maria Eduarda Maia*
postado em 10/03/2023 15:28
 (crédito: Reprodução/ Instagram/ paty_doadora_multiplosorgaos)
(crédito: Reprodução/ Instagram/ paty_doadora_multiplosorgaos)

Mesmo nunca tendo conversado com o filho sobre a doação de órgãos, a advogada e empresária Patrícia Sibin Barbosa de Oliveira, de 48 anos, resolveu pelo gesto quando Fernando, de apenas 23 anos, morreu de forma trágica em um acidente.  Em um relato, publicado na Agência Einstein, ela explica como tomou a decisão e alerta as famílias para que conversem sobre o assunto. Nove meses após a perda do filho, ela agora tem uma página no Instagram em que conta sua experiência. 

"A gente precisa falar sobre doação de órgãos com nossos filhos. Jamais imaginei que passaria por isso e por isso eu não sabia qual era a vontade dele. Fiz a minha vontade, doei todos os órgãos possíveis e não me arrependo. Foi a coisa mais linda saber que pude salvar outras vidas", disse Patrícia. 

No dia 6 de maio, Fernando saiu de casa, em São João da Boa Vista, no interior de São Paulo, e avisou para a avó que iria para inauguração de uma balada e chegaria ao local de carona com um casal, amigos dele desde a infância. Durante a festa, por volta das 3h da madrugada, o casal de amigos decidiu ir embora, mas Fernando preferiu ficar um pouco mais, saindo sozinho por volta das 5h da manhã.

Fernando saiu à procura de sinal, caminhando por cerca de 500 metros da festa. No momento havia uma forte neblina no local, e o jovem acabou sendo atropelado por uma caminhonete que seguia em sentido contrário, após fazer uma ultrapassagem. 

O filho de Patrícia foi socorrido e levado a um hospital público da cidade. Ele teve um traumatismo craniano gravíssimo que resultou em uma lesão axonal difusa (Um tipo de lesão cerebral que causa perda da consciência e pode deixar o paciente em estado vegetativo). Antes de ser aberto o protocolo de morte encefálica, os médicos a abordaram e perguntaram sobre a intenção de doar ou não os órgãos de Fernando. "Acho que essa pré-abordagem foi muito dura comigo, faltou treinamento, faltou humanidade", relatou para agência Einstein.

Dias após o acidente, o jovem acabou sendo transferido para Poços de Caldas (Cerca de 40 km de distância), ficando internado na UTI e após exames foi descoberto falta de fluxo sanguíneo no cérebro.  Fernando acabou morrendo na noite do dia 25 de maio. 

Dessa vez, Patrícia novamente foi questionada sobre doação dos órgãos do filho e mesmo sem saber qual seria a vontade dele, decidiu fazer a doação. "O processo é rigoroso. Foi feita uma entrevista e a partir daí foi acionada a central estadual de transplante para encontrarem receptores compatíveis na lista de espera e equipes para a captação."

Fernando pôde doar o coração, o fígado, os rins e as córneas.  A mãe então decidiu levar o assunto para outras famílias e criou uma página no Instagram com sua história, como forma de motivação.

Doação de órgãos 

De acordo com o relatório anual da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) referente ao ano de 2022, o número de famílias que não autorizam a doação de órgão dos seus familiares que estão em morte cerebral aumentou em 18% em três anos, sendo a maior taxa de recusa dos últimos dez anos.

Segundo o levantamento, a negativa familiar par doação de órgãos em 2019, antes da pandemia, era de 40% e, no ano passado, atingiu 47%. 

*Estagiária sob supervisão de Thays Martins 

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