R$ 50 milhões

PF prende suspeitos de fraude de R$ 50 milhões do auxílio emergencial

Um dos presos pela corporação é um hacker responsável por criar um programa usado por criminosos para comparar números de CPFs com diferentes bancos de dados para identificar quais deles teriam acesso ao benefício

Victor Correia
postado em 08/03/2023 03:55
 (crédito:  Marcello Casal Jr/Agência Brasil; /Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil; /Agência Brasil)

A Polícia Federal prendeu ontem quatro suspeitos de integrar uma organização criminosa que desviou mais de R$ 50 milhões do auxílio emergencial. As prisões fizeram parte da Operação Apateones, deflagrada em 12 estados e no Distrito Federal. Cerca de 200 agentes da PF cumpriram 47 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados, e apreenderam dezenas de cartões e máquinas, valores em espécie, documentos falsos e uma arma. Um casal foi preso em flagrante, em Sorocaba, São Paulo.

Um dos presos pela corporação é um hacker responsável por criar um programa usado por criminosos para comparar números de CPFs com diferentes bancos de dados para identificar quais deles teriam acesso ao benefício, pago pelo governo federal por conta da pandemia da covid-19.

A operação foi encabeçada pela Delegacia da Polícia Federal em Campinas, São Paulo. Segundo o chefe da corporação na cidade, Edson Geraldo de Souza, o método principal da organização criminosa era identificar, por meio do programa desenvolvido pelo hacker, os potenciais beneficiários. O auxílio emergencial era pago para adultos desempregados ou trabalhadores informais, no valor de R$ 600.

"A partir daí começa uma engenharia social para obter outros dados da pessoa, como telefone, senha e daí por diante, inclusive com o envios de SMS e sites (falsos), que a pessoa clica em links e é redirecionada, e digita sua senha", explicou Edson em coletiva de imprensa realizada ontem na delegacia de Campinas.

Com o CPF e os demais dados obtidos, os criminosos abriam uma conta no nome da pessoa para receber os R$ 600 do auxílio. O montante coletado era movimentado para os demais integrantes do esquema por meio do pagamento de boletos falsos. Ao todo, 10 mil contas do benefício foram fraudadas, em um valor estimado pela corporação de R$ 50 milhões.

As vítimas da fraude que eventualmente foram sacar o auxílio receberam a mensagem que o valor já havia sido coletado. Aquelas que reportaram a irregularidade à Caixa Econômica Federal tiveram o dinheiro ressarcido. Essas denúncias, inclusive, iniciaram a investigação ainda em 2020, quando a Caixa repassou à PF 91 casos de fraude, em um total de R$ 54,6 mil.

Em Sorocaba, um casal foi preso em flagrante por organização criminosa. O homem também estava com documento falso e porte de arma restrito. Ao todo, no estado, foram apreendidos R$ 19.167, 149 CNHs falsas, 14 RGs falsos e duas impressoras usadas na falsificação de documentos. No Maranhão, os agentes encontraram 9 máquinas de cartão, 84 cartões de crédito, 3 cartões do INSS, 1 RG falso e dois veículos. Apreensões de documentos e dispositivos eletrônicos foram feitas em todos os estados envolvidos na operação.

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