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ícone da televisão

Morte de Glória Maria, ícone da televisão, deixa o Brasil de luto

Morte de Glória Maria provoca comoção entre jornalistas, artistas, personalidades e milhões de fãs conquistados em décadas

Exuberância

"A gente parecia irmão, sabe?", contou o amigo e colega de profissão Pedro Bial, emocionado, ao programa Encontro de ontem. "A gente brigava muito, se implicava muito, depois se abraçava, se dava beijo na boca. Era uma farra a nossa relação." Depois, o jornalista postou uma imagem no Instagram com a amiga-irmã, com quem apresentou o Fantástico durante 10 anos.

No mesmo programa, o âncora William Bonner, do Jornal Nacional, falou sobre a perda de uma das maiores influenciadoras do jornalismo no país. "Eu sou um entre milhões de telespectadores brasileiros fãs do trabalho da Glória Maria; eu aprendi a gostar de telejornalismo vendo reportagens da Glória", afirmou.

Ele contou ainda sobre a oportunidade e a "glória" de conviver com ela no trabalho, como profissional de televisão, "de conhecer a exuberância da produção dela, a vontade com que ela sempre saía para realizar um trabalho e o alvoroço que ela provocava quando se preparava para sair". E finalizou: "Glória é um símbolo não só da Globo, mas é um símbolo do telejornalismo brasileiro".

Durante o Bom Dia Brasil, o jornalista Heraldo Pereira chorou ao lamentar a morte da repórter. O âncora do jornal matinal relembrou com carinho e emoção a importância que a jornalista teve em sua carreira: "Parte da minha vida", disse.

Tema da última publicação de Glória Maria nas redes sociais — um trecho de entrevista ao programa TV Mulher —, a apresentadora Marília Gabriela utilizou o Instagram para prestar homenagem à "linda pessoa, querida amiga e colega": "Que merda, que droga, que perda imensa para quem, para além da profissional, conheceu-a e trocou com ela alegria em festas, conversas produtivas, memórias a não esquecer. Adeus, lindeza, você fará demasiada falta. Descanse em paz, esta frase irritante para um desejo verdadeiro, ainda que inócuo", escreveu a jornalista.

Em entrevista à rádio CBN, a repórter Sônia Bridi, do Fantástico, se emocionou ao falar sobre "uma das maiores comunicadoras do país". Para Sônia, a quem Glória era inspiração, não só as mulheres, negras, jornalistas se espelham na repórter, mas "mulheres e negros em geral tiveram ali seu primeiro grande ícone". "Ela não abriu o caminho, abriu avenidas", disse.

Dia de Iemanjá

A influência e a inspiração proporcionadas pelo duro e encantador trabalho de Glória Maria nas telas ultrapassou, e muito, a esfera do jornalismo. Na música, na política, na televisão, a repórter é, mesmo após a morte, um verdadeiro ícone brasileiro nas mais diversas searas.

"Se hoje tem um Emicida, é porque antes existiu uma Glória Maria", afirmou o rapper, que demonstrou diversas vezes admiração pela jornalista, no Twitter. "Devastado por sua passagem, amiga, e, ao mesmo tempo, grato por ter tido a honra de poder te chamar assim. Nossas aulas de natação vão ter que esperar… Que a terra lhe seja leve, professora."

Também no Twitter, o presidente Lula prestou condolência a "uma das maiores jornalistas da história da nossa televisão". "Glória foi repórter em momentos marcantes do Brasil e do mundo, entrevistou grandes nomes e deixou sua marca na memória de brasileiros e brasileiras", escreveu. "Meu abraço e solidariedade aos familiares, amigos, colegas e admiradores de sua carreira." A primeira dama, Janja, também deixou recado no perfil pessoal: "Será para sempre exemplo de talento e coragem".

Pelas redes sociais, o ator Lázaro Ramos homenageou a vida de Glória Maria. "Foi muito bom acompanhar seu trabalho e, mais ainda, desfrutar da sua agradável companhia. Sentirei falta de sorrir contigo."

Um dos maiores nomes da cena cultural negra brasileira, a atriz e cantora Zezé Motta também pontuou a coincidência: "Glória nos deixa no dia 2 de fevereiro, dia de Iemanjá. Ela, devota de Iemanjá, partiu no dia em que é comemorado o dia da Rainha do Mar…". Também relembrou a trajetória da comunicadora, "desde sempre derrubando gigantes". "Estávamos no início dos anos 1970, o período da ditadura do presidente Médici. Glória Maria era atrevida, teve vários problemas com os militares. Enfrentou dificuldades por ser mulher, por ser negra e por ter vindo de uma família pobre. Mas com muito trabalho, mostrou dignidade, conseguiu respeito, sua história sempre foi de superação", relembrou.

* Estagiárias sob a supervisão de Severino Francisco