Em 2023, tragédias causadas por desastres naturais chamaram a atenção de todo o mundo. As chuvas e os deslizamentos em vários estados do Brasil e até mesmo o terremoto que atingiu a Síria e a Turquia mostram a importância de ações de prevenção e também resgates em casos de tragédias naturais. Nesta vertente, os drones podem ser uma aposta tecnológica para ajudar a salvar vidas.
Para Tiago Nascimento — membro sênior do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) e professor pesquisador em robótica da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) — o uso de drones para ajudar em situações de emergência e em desastres naturais é uma evolução positiva da tecnologia, mesmo ainda sendo subutilizados.
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Nascimento explica que os drones são utilizados de duas formas distintas: manual e automatizado. O automatizado — terminologia usada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) — é aquele drone que voa sozinho, mas sempre tem um piloto com um botão de segurança. "Já é possível usar um (drone) automatizado para fazer um 'swap' (varredura, em inglês) na área para reconhecer pontos de interesse (em desastres naturais)".
Já no caso de chuvas, o professor frisa que o melhor modelo de drones para usar são os manuais, por causa da quantidade de água que pode atingir a parte eletrônica. "Existem hoje drones do mercado como um DJI que é um pouco mais caro porque é justamente para esse tipo de monitoramento. Ele tem um certo grau de autonomia e geralmente é utilizado com pilotagem manual. Ele tem um sensor infravermelho pra detecção de pontos de calor, que seriam as pessoas, e sim, podem ser utilizados em desastres na hora de detectar vítimas de deslizamento de terra e pessoas que estão isoladas em um ponto por causa de enchente", explica.
O especialista exemplifica o uso da tecnologia com a tragédia de Mariana (MG) em 2015, em que seria possível reconhecer pontos de interesse e sensíveis onde os bombeiros não conseguiriam chegar por causa do terreno e também avistar possíveis feridos.
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Segundo Nascimento, as aplicações para essas situações são diversas. "Por exemplo, caiu um avião e existem sobreviventes. O drone localiza onde estão os sobreviventes e um segundo drone leva medicamentos de primeiros socorros até a equipe de resgate chegar. É muito mais rápido do que esperar as equipes de resgate", acentua.
Além disso, a tecnologia pode ser usada como uma forma de monitorar possíveis situações de risco, verificando se um determinado local pode ser perigoso, observando de perto barragens de água, minério ou de ferro, monitorando construções civis e até mesmo para estudar um ecossistema para prevenção de desastres. "A ideia é que esse tipo (de monitoramento) sempre seja feito em conjunto com uma empresa e uma universidade", explica o professor.
O especialista destaca ainda a importância de integrar novas tecnologias para as forças de resgate possam agir mais rapidamente em desastres e situações de emergência. "Drones são versáteis, mas ainda subutilizados. Eles podem observar o evento localmente, dando perspectivas que os satélites não podem. Eles podem pairar, medir, monitorar e enviar dados em tempo real. Se bem empregados, eles podem ser uma ferramenta poderosa não apenas para monitorar, prevenir e responder a desastres naturais, mas também em ações de busca e resgate nessas situações", acrescenta.
Nascimento ressalta ainda que o Brasil tem vários pontos de pesquisa sobre drones. "A tecnologia brasileira está crescendo muito e seria muito interessante que ganhasse mais visibilidade porque a gente tem muito potencial nessa área e muita área pra crescer", finaliza.
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