Mocidade se torna segunda escola com mais vitórias no carnaval paulista

Vermelho e Verde vence carnaval de São Paulo pela 11ª vez, com nota máxima e encerra jejum de nove anos; Mancha Verde fica em 2º lugar, e Império de Casa Verde, em 3º. Escolas desfilam de novo neste sábado, no Sambódromo do Anhembi

Fernanda Strickland

Henrique Lessa

postado em 22/02/2023 03:55

(crédito: Werther Santana/Estadão Conteúdo)

A escola de samba Mocidade Alegre foi a grande campeã do Carnaval 2023 de São Paulo. Com a pontuação máxima, a agremiação do bairro do Limão, Zona Norte da cidade, quebrou um jejum de nove anos sem vencer ao contar a história do 1º samurai negro. A Mancha Verde ficou na segunda colocação, e a Império de Casa Verde, em terceiro lugar. A apuração aconteceu ontem no Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte da capital. As primeiras colocadas se apresentarão de novo no sambódromo neste sábado, no tradicional Desfile das Campeãs.

A Mocidade conquistou seu 11º título e, ao lado da Nenê de Vila Matilde, se torna a segunda escola com mais vitórias ao longo da história do carnaval paulista, atrás apenas da Vai-Vai.

Quinta escola a desfilar no sábado, a agremiação vencedora levou para o sambódromo a trajetória do moçambicano Yasuke, o primeiro samurai negro da história do Japão. Além de narrar a história milenar, a Vermelho e Verde enalteceu a luta diária dos jovens de comunidades pobres para vencer as desigualdades.

Quatro jurados avaliaram os desfiles das 14 escolas de samba do Grupo Especial, com notas de 8 a 10 em nove categorias. Os quesitos foram julgados na seguinte ordem: Harmonia, Bateria, Enredo, Alegoria, Evolução, Samba-enredo, Comissão de frente, Mestre-sala e porta-bandeira e, por último, Fantasia.

Nenhuma das agremiações sofreu penalidades e não houve desconto de pontos antes das notas serem reveladas. Neste ano, o critério de desempate das pontuações foi a fantasia. A leitura das notas foi tensa, com as escolas Mocidade Alegre e Mancha Verde se alternando no topo durante quase toda a apuração.

A reviravolta aconteceu no penúltimo quesito. Ao perder dois décimos, a Mancha acabou caindo para a quarta colocação e a Mocidade assumiu a liderança isolada, sem depender de critérios de desempate. No último e decisivo quesito, ela até chegou a ter um 9.9, mas o descarte garantiu a vitória.

Rebaixadas

O resultado da apuração deixou um gosto amargo nos integrantes das escolas de samba Unidos de Vila Maria e Estrela do Terceiro Milênio, que foram rebaixadas para o Grupo de Acesso 1 do Carnaval de São Paulo, em 2024. A Vila Maria apresentou o samba-enredo "Vila Maria, Minha Origem, Minha Essência, Minha História! Muito Além do Carnaval", contando a história da escola de 69 anos do bairro com o mesmo nome na zona Norte da capital paulista.

Campeã no ano passado do Grupo de Acesso 1, a Terceiro Milênio terminou em último neste que foi o ano de estreia no grupo de elite. A agremiação do Grajaú, bairro na Zona Sul de São Paulo, abriu a segunda noite de desfiles com um enredo em homenagem à "arte de fazer rir", com alas que representavam a comédia desde a época dos bobos da corte. O desfile homenageou os humoristas Paulo Gustavo, Jô Soares e o mexicano Roberto Bolaños, que interpretava o personagem Chaves.

Maior venecedora do carnaval paulistano, a tradicional Vai-Vai conquistou o título do Grupo de Acesso 1, e no próximo ano volta à elite. Original do bairro do Bixiga, a agremiação de 93 anos conquistou 15 títulos do Grupo Especial, mas no ano passado acabou na última classificação e foi rebaixada. Este ano, a escola fez uma releitura de um antigo enredo, "Eu Também Sou Imortal", no qual tratou da busca pela imortalidade na ciência, religião e dos mistérios da vida e da morte.

A vice campeã do Grupo de Acesso, Camisa Verde Branco, também garantiu um lugar no Grupo Especial, com um enredo que abordou grupos invisíveis na sociedades, falando de pobreza, justiça social e o futuro das crianças. A agremiação da Barra Funda, Zona Oeste da capital, foi campeã do Grupo Especial nove vezes, mas estava fora da elite do carnaval de São Paulo há 11 anos.

No Rio, a apuração dos desfiles do Grupo Especial do Carnaval 2023, que reúne 12 escolas de samba, será realizada a partir das 15h de hoje, na Praça da Apoteose, no Sambódromo.

Blocos e trios

O quarto e último dia de folia no Rio de Janeiro fechou em grande estilo. Um dos maiores destaques foi a cantora e compositora Ludimila. Com o megabloco Fervo da Lud, ela quis repetir a multidão de foliões de 2020, último ano de carnaval antes da pandemia, quando reuniu 1 milhão de pessoas.

Vinda diretamente da Marquês de Sapucaí, onde puxou o samba-enredo da Beija-Flor, ao lado de Neguinho da Beija-Flor, intérprete oficial nilopolitano, Ludmilla apresentou um setlist que mesclou músicas do projeto autoral Numanice com canções de diferentes artistas e gêneros. O bloco contou ainda com participações especiais de Mumuzinho e Daniel Caesar. Famosos também marcaram presença no evento, como Giovanna Lancellotti, Nicole Bahls e Brunna Gonçalves, mulher de Ludmilla.

Até o fim do mês, a cidade maravilhosa terá mais de 400 blocos realizados. A Riotur preparou um aplicativo com todas as informações sobre o calendário oficial de carnaval da Prefeitura. Para saber trajetos e horários, é só baixar o "Partiu Bloquimmm", disponível nas plataformas digitais.

As ruas de São Paulo receberam, somente ontem, 56 blocos. Entre os desfiles, estavam os megablocos Bloco Pagu, Bloco da Latinha Mix e Skaravana, que reuniram milhares de pessoas. A maior parte foi realizada no Centro e na Zona Oeste da capital paulista.

Tradição que faz parte do carnaval de Olinda há 34 anos, o Encontro de Bonecos Gigantes promoveu um desfile pelas ruas do Sítio Histórico da cidade pernambucana. O cortejo saiu do Largo de Guadalupe até a sede da prefeitura, encontrando e arrastando uma multidão de foliões ao som do frevo.