
É no ritmo do forró que as ruas de São Miguel Paulista vão celebrar o carnaval em São Paulo nesta terça-feira (21/2). Bairro localizado no extremo da zona leste paulistana, São Miguel Paulista é um reduto nordestino e, durante a maior festa cultural brasileira, não deixa de mostrar suas raízes para a cidade que os acolheu.
Foi nesse bairro que, em 2012, surgiu o Bloco do Baião, uma homenagem ao centenário do grande mestre sanfoneiro brasileiro, Luiz Gonzaga. O Bloco do Baião é um dos quase 500 blocos carnavalescos que desfilarão pela capital paulista entre o pré-carnaval e o pós-carnaval. A maior parte desses blocos passam pelo centro da cidade, mas apesar do menor investimento, há folia rolando também pelas periferias de São Paulo. Pela zona leste, por exemplo, passarão 68 blocos, sendo oito deles somente na subprefeitura de São Miguel Paulista.
O Bloco do Baião foi criado para representar e celebrar a tradição popular nordestina. Todos os anos, ele sai em cortejo com sanfoneiros, zabumbeiros, trianguleiros, rabequeiros e uma ala de frente formada por Lampião e Maria Bonita. "O forró é uma sequência de ritmos nordestinos. Dentro dele existe o xote, o xaxado, o baião, o coco, o arrasta-pé. E isso é o Bloco do Baião. Foi uma forma de não deixar acabar essa cultura, de não deixar acabar com essa tradição", explicou Wagner Ufracker da Silva, mais conhecido como Zé da Lua, fundador do Bloco do Baião.
"Os moradores aqui [de São Miguel Paulista], em sua maioria, não têm condições de ir para o Sambódromo. Então temos aqui blocos com uma diversidade muito grande. O Bloco do Baião representa a cultura nordestina. Tem o bloco dos sertanejos, da cultura afro-brasileira, do samba" detalha. "Aqui em São Miguel Paulista, por exemplo, a gente não tem locais de entretenimento como em outros lugares da cidade. É muito carente. Então fazemos um carnaval voltado para a família e para a criançada".
Neste ano, o bloco vai homenagear dois mestres da cultura do bairro: Sacha Arcanjo e Alzira Viana, que fundaram a Praça do Forró e também ajudaram a criar o Bloco do Baião.
"Meu pai era forrozeiro. Onde ele ia, ele me levava. Com cinco anos de idade eu já estava no forró", contou Alzira, em entrevista à TV Brasil. "O forró já tinha dominado a minha cabeça, não tinha mais como voltar atrás. Pegou no sangue", diz.
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