Amazônia

Criança ianomâmi de 1 ano morre vítima de desnutrição grave

Menino de apenas um ano e cinco meses morre vítima de desnutrição grave. Garimpeiros ilegais começam a deixar a área

Ândrea MalcherFernanda Strickland
postado em 06/02/2023 03:55
 (crédito:  Fernando Frazão/Agência Brasil)
(crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Afetados pela presença do garimpo ilegal em suas terras, os indígenas ianomâmis têm sofrido com casos de desnutrição e doenças como malária e pneumonia. Ontem, uma criança com apenas um ano e cinco meses de idade morreu na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, vítima de desnutrição grave e desidratação. Com a atuação do governo na região, grupos de garimpeiros começaram a deixar o território.

A informação sobre a morte da criança foi divulgada pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'Kuana (Codisi-YY), Júnior Hekurari, uma das principais lideranças da região. Ele explicou que a criança estava em estado grave desde sábado, e que as equipes de saúde pediram sua remoção imediata para Boa Vista. Entretanto, o mau tempo impediu a decolagem do helicóptero que a transportaria. Ela era da região de Haxiu, que fica a cerca de 15 minutos de voo do polo base de Surucucu, onde há um aeródromo e um pelotão de fronteira do Exército Brasileiro.

No último sábado, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, informou durante coletiva de imprensa, que está sendo observada a saída de garimpeiros da terra indígena dos ianomâmis. "Muitos garimpeiros estão saindo, mas é bom que saiam mesmo. Porque assim a gente até diminui a operação que precisa ser feita. Retirar 20 mil garimpeiros demoraria um tempinho. Se eles saem sem precisar dessa força de segurança, das forças policiais, é melhor para todo mundo", disse.

Ontem, grupos de inteligência do governo federal e lideranças do movimento indígena nas regiões Yanomami de Roraima registraram vídeos de grupos de garimpeiros deixando a região. A debandada aconteceu depois das ordens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de bloqueio do acesso à área pelas Forças Armadas e o Ministério da Defesa para estrangular ações de grupos que sustentam garimpo ilegal na terra indígena.

O governo de Roraima declarou que está acompanhando e mantendo o governo federal informado sobre a saída voluntária dos garimpeiros das terras indígenas. A preocupação é que essa saída gere a ocupação de outras áreas de garimpo ilegal conhecidas no estado, como na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. "Temos que ter estratégias, que não podemos compartilhar com todos vocês, para que isso não ocorra. Temos que ter vigilância maior em todas as terras indígenas", frisou Lucia Alberta Andrade, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Apoio a garimpeiros

Após a notícia de que garimpeiros estão deixando a terra indígena Yanomami a pé, o deputado federal Antônio Carlos Nicoletti (União Brasil-RR) enviou ofícios ao presidente da República e a ministérios do governo federal solicitando um plano de ação urgente que garanta a segurança, dignidade e transporte deles para um local adequado. Nicoletti também enviou ofício ao Ministério Público Federal solicitando fiscalização da operação, garantindo que os direitos fundamentais dos garimpeiros não sejam violados.

O deputado, que sempre foi a favor da regulamentação do garimpo nas terras indígenas, diz estar preocupado com a operação que está sendo feita em Roraima: "Não podemos assistir calados a essa retirada desumana da forma que está acontecendo! Muitos garimpeiros fizeram vídeos desesperados pedindo alimentos e a condição mínima de saída da selva, que é via transporte aéreo! Precisamos de respeito e dignidade para esses trabalhadores," alegou Nicoletti.

"Com o bloqueio aéreo, os garimpeiros não conseguem sair e também não está sendo possível a chegada de medicamentos, alimentos e nem mesmo a retirada de doentes da mata fechada", observou o parlamentar. Ele reafirmou que o compromisso de defender a regulamentação do garimpo em terras indígenas.(Com informações da Agência Brasil e da Agência Estado)

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