Grupos de mulheres indígenas de diversas regiões do Brasil se reúnem em Brasília, nesta semana, para reivindicar ações de combate à violência doméstica e sexual praticadas dentro de comunidades por agentes externos, como garimpeiros, e outros agressores. Elas discutiram quais seriam as demandas no Centro de Formação em Política Indigenista (Funai), onde estão desde segunda-feira (29/01), para o evento da Pré-Marcha de Mulheres Indígenas.
“A lei Maria da Penha não existe no meio (indígena). Quando são chamados, os policiais não fazem nada porque dizem que é cultural. Temos violência dentro da comunidade, estupro e quem teria que agir? Os policiais civis, por exemplo, dizem que não podem fazer nada”, explicou a conselheira municipal de saúde na Lagoa da Confusão (TO), Índia Nari.
A indígena contou que esses foram alguns dos problemas compartilhados por 160 mulheres indígenas que representaram diversos estados. Por isso, uma das reivindicações em comum é de que a principal lei de defesa das mulheres contra violência doméstica, a Lei Maria da Penha, seja traduzida para a língua materna das etnias. “Muitas não conhecem a lei”, afirmou a indígena.
Outro pedido do grupo é por medidas voltadas especificamente para a saúde da mulher dentro da política de saúde indígena. “Não tem saúde somente para nós”, afirmou Índia Nari. De acordo com ela, um dos maiores problemas da Ilha do Bananal, região onde vive, tem sido combater a entrada de bebida alcoólica e drogas na comunidade, um problema que se repete em outras comunidades espalhadas pelo país.
As demandas foram recolhidas por representantes da Bancada do Cocar, que farão a ponte entre as representantes indígenas e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG), na intenção de que se torne projeto de lei.
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