A equipe do Ministério da Saúde está na Região do Surucucu, em Roraima, fazendo um diagnóstico da saúde dos povos indígenas que vivem em Território Yanomami, realizando atendimentos e atuando em conjunto com a equipe do polo-base. Nesta quinta-feira (19/1), o grupo realizou uma visita à Comunidade Kataroa, onde presenciaram a situação da população que vive na localidade, assolada pelo alto índice de desnutrição e de doenças infecciosas.
As constantes invasões dos territórios pela mineração, contaminação por mercúrio e ameaças de garimpeiros estão cada vez mais frequentes dentro do território Yanomami, no norte do Brasil. Além disso, a desnutrição severa e o alto índice de mortalidade infantil marcam as condições de vida e de saúde das crianças. Os casos expostos expõem a seriedade da situação, que está sendo tratados de forma urgente junto à Secretaria Especial de Saúde Indígena, ao Ministério da Saúde, ao Ministério dos Povos Indígenas e à Funai.
"Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de cinco mil crianças da região, foram registrados", destaca a pasta da Saúde.
Mortes evitáveis
Dados obtidos pelo portal Sumaúma mostram que durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o número de mortes de crianças com menos de cinco anos por causas evitáveis aumentou 29% no território Yanomami. Além do problema da desnutrição, os indígenasi ainda sofrem com a malária. Lideranças dos povos originários dizem ter denunciado por diversas vezes a falta de medicamentos e assistência médica na Terra Yanomami, principalmente em 2020 e 2021.
Apenas em 2022, seis crianças com menos de um ano morreram por causas que seriam facilmente evitáveis se houvesse acesso a serviços de saúde ou medicamentos. Na região, seis de cada 10 crianças menores de cinco anos apresentam deficit nutricional, ou seja, têm peso considerado inadequado para a idade, a maior parte delas já em desnutrição severa.
Em junho do ano passado, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana, Júnior Hekurari, divulgou a morte de três crianças de três anos da Comunidade Tirei por diarréia, pneumonia grave, desidratação, bem como verminose. “É uma situação difícil, estamos chorando porque estamos perdendo muitas crianças, adultos e idosos por conta da malária. Uma comunidade inteira morreu.”
*Estagiária sob supervisão de Andreia Castro
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