Antigo navio capitânia da esquadra brasileira, o porta-aviões São Paulo segue com destino incerto e deve ser afastado para águas internacionais após inspeção da Marinha do Brasil. A embarcação, que era o único porta-aviões da esquadra, foi vendida como sucata em um leilão em 2021 para um estaleiro turco. Impedido de chegar à Turquia, o porta-aviões retornou ao Brasil e foi proibido de atracar em portos brasileiros.
Segundo a Marinha, a empresa que arrematou o casco do navio, a Sök Denizcilik Tic Sti (Sök), não adotou as providências solicitadas pela Autoridade Marítima Nacional (AMB) para a manutenção do casco e para garantir a segurança nas águas territoriais brasileiras.
Após as inspeções da AMB, foi determinado que o comboio, com o rebocador e o porta-aviões, deveria se afastar da costa nacional, com a escolta de uma fragata e de um navio de apoio da Marinha Brasileira. A informação é de que o rebocador já estaria nesse processo, afastando o casco do ponto onde estava fundeado, a cerca de 46 km da costa brasileira, no litoral pernambucano, depois de tentar atracar no porto de Suape desde outubro.
A decisão da Marinha vem no momento em que a Justiça Federal de Pernambuco, atendendo a um pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e da Advocacia-Geral da União (AGU), proibiu o casco do antigo navio de ser abandonado no litoral do estado. Foi determinada, no último dia, uma multa diária de R$ 900 mil em caso de descumprimento da decisão.
Uma história complicada
O porta-aviões São Paulo, construído para a marinha francesa em 1960, depois de aposentado na Europa, veio para o Brasil em 2001, mas só navegou normalmente por pouco mais de três anos. Em 2004 sofreu com um incêndio que tirou a vida de três tripulantes e feriu outros sete. Após cinco anos de uma cara e complexa reforma, chegou a realizar teste de navegabilidade em julho de 2010, mas acabou abandonado pela Marinha. A embarcação não foi reintegrada à frota naval em função dos diversos problemas que seguia apresentado.
Depois de muitos estudos sobre a modernização do navio, em 2017, a Marinha decidiu descomissionar o navio após avaliar que o custo, estimado em mais de R$ 1 bilhão, era excessivo. O casco vendido em leilão como sucata para uma empresa especializada no desmanche de embarcações foi contestado judicialmente por entidades e grupos que solicitaram a utilização da embarcação como um museu flutuante no território nacional.
A serviço da marinha francesa, o porta-aviões utilizava amianto, uma fibra cancerígena banida pelo mundo inteiro. Segundo informações da Marinha Brasileira, quando ainda estava na mão da França, uma reforma realizada na década de 1990, chegou a tirar 55 toneladas dessa fibra banida da embarcação. Mesmo com essas medidas, contudo, o navio apresenta risco de centenas de materiais contaminantes, motivo pelo qual a embarcação, após deixar o Brasil em agosto de 2022, foi barrada cerca de 20 dias depois, durante a passagem pelo estreito de Gibraltar pelas autoridades navais europeias.
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