Crise humanitária

Saúde investiga denúncia de desvio de medicamento destinado ao povo Yanomami

Tanto a falta de medicamentos quanto as acusações de que servidores negociam os remédios com garimpeiros por ouro já haviam sido levantadas em audiência pública, na Câmara dos Deputados, em junho de 2022

Isabel Dourado*
postado em 31/01/2023 15:03 / atualizado em 31/01/2023 15:08
 (crédito: Reprodução / URIHI - ASSOCIAÇÃO YANOMAMI )
(crédito: Reprodução / URIHI - ASSOCIAÇÃO YANOMAMI )

O Ministério da Saúde investiga denúncias de desvio de remédios destinados ao povo Yanomami para garimpeiros. A Fundação Oswaldo Cruz  (Fiocruz) relata, em ofício do último dia 18, ter recebido a informação de que medicamentos para malária estão sendo vendidos por mineradores irregulares perto da reserva indígena no meio da Amazônia, Roraima.

“No dia 18 de janeiro, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) enviou um ofício à Coordenação Geral de Assistência Farmacêutica e Medicamentos Estratégicos, da Secretaria de Ciências, Tecnologias e Insumos Estratégicos (MS), para notificar o órgão a respeito de informações sobre a comercialização ilegal de um lote de medicamento (artesunato + mefloquina) produzido pelo instituto para o tratamento de malária. O medicamento em questão estaria sendo vendido por garimpeiros em localidade próxima ao território indígena yanomami”, informou a Fiocruz em nota.

O Supremo Tribunal Federal (STF) mandou investigar a gestão Jair Bolsonaro (PL) por omissões e suspeita de genocídio dos povos indígenas, além do descumprimento de decisões judiciais que determinavam o reforço nas políticas de atenção a essas comunidades.

Tanto a falta de medicamentos quanto as acusações de que servidores negociam os remédios com garimpeiros por ouro já haviam sido levantadas em audiência pública, na Câmara dos Deputados, em junho de 2022.

Após questionamentos da futura presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), que presidiu a comissão à época, Paulo Teixeira de Souza Oliveira, delegado da Polícia Federal, que representou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, afirmou que “esse crime de comércio de ouro, cometido supostamente por servidores, em troca de comida e vacina” está sendo investigado.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro 

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