Questão Indígena

Estudo indica que formalização de terras indígenas aumenta o reflorestamento

Pesquisa inédita mostra que entre os anos de 1985 a 2019, a cada ano houve aumento de 0,77% na cobertura florestal em comparação com as terras não ocupadas

Tainá Andrade
postado em 26/01/2023 14:55 / atualizado em 26/01/2023 14:55
 (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Um estudo, conduzido pelo Departamento de Estudos Ambientais da Universidade de Boulder, localizada no Colorado, nos Estados Unidos da América (EUA), mostrou que povos indígenas com território reconhecido oficialmente têm altos índices de redução do desmatamento e melhoria do reflorestamento. O estudo revelou a importância da posse formalizada que se revela como um desincentivo às invasões.

“Nosso artigo mostra que a cada ano após a formalização da posse, houve um aumento de 0,77% na cobertura florestal, em comparação com as terras não ocupadas, em média — o que pode se acumular ao longo de décadas”, explica Rayna Benzeev, pesquisadora pós-doutoranda da Universidade da Califórnia em Berkeley, que é uma das autoras do artigo.

A pesquisa é inédita porque investiga a mudança da cobertura florestal em 129 territórios indígenas, localizados na Mata Atlântica. A análise comparativa foi feita entre o período de 1985 a 2019 e revelou um contraste entre comunidades que não possuem direitos formais de obtenção da terra ou estão no processo. Portanto, sugere-se que as demarcações de terras indígenas sejam vistas como um fortalecimento dos esforços globais de conservação do bioma que ainda é vulnerável.

“Nossas descobertas contribuem para um debate ambiental com vistas ao reconhecimento dos direitos legais à terra dos povos indígenas na Mata Atlântica brasileira, uma área que tem enfrentado altas pressões de desenvolvimento. Em um bioma que se tornou um ecossistema modelo para esforços de reflorestamento, que apoio pode ser necessário para que os povos indígenas continuem a manter as áreas florestais a longo prazo?”, questionou a pesquisadora.

Apesar de não ser tão comentada, o bioma compreende a segunda maior floresta tropical brasileira — a primeira é a Floresta Amazônica — e correu sério risco de extinção devido à exploração no período colonial, por isso se iniciou uma forte campanha de preservação. Ainda assim, esse bioma tem o correspondente a apenas 12% da sua vegetação em pé. E está presente em cerca de 90.000 km² e se estende por 3.000 km da Costa Atlântica.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE