Os promotores federais do Ministério Público Federal de Roraima (MPFRR) afirmaram que um plano operacional de combate ao garimpo ilegal na área da terra indígena dos Yanomamis, consolidado em 2022, e reconhecido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), acabou ignorado e nunca saiu do papel. A informação foi revelada nesta terça-feira (24/01), em coletiva online a jornalistas.
A ação foi feita, inclusive, a partir das falhas das operações anteriores, que foram consideradas ineficientes pelos agentes, que as classificaram como "insuficientes" e com efeitos "localizados e temporários". O Ibama se omitiu ao plano mais robusto.
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“Tinha uma logística da área pra fazer essa operação em pontos estratégicos da Amazônia. Embora o garimpo seja grande, ele precisa de uma logística. Esse plano foi realizado, tivemos conversa com o Ibama, mas jamais esse plano foi aplicado. Jamais o Ibama em Brasília, que deveria ter dado essa ordem, fez com que a operação acontecesse”, denunciou o procurador Alisson Marugal.
“Diversas vezes a coordenação em Brasília impediu que houvesse logística para a operação. Não enviavam helicópteros ou não deixavam que ficassem dias suficientes em Roraima, por exemplo”, detalhou o o procurador Alisson Marugal.
Histórico
Desde 2017, o MPF pede à Justiça que decida sobre a atuação do Ibama e os demais órgãos que tratam da questão indígena na região. Há quatro anos atrás, foi ordenado judicialmente que a atual Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) instalasse três bases de proteção etnoambiental em pontos estratégicos do território Yanomami.
Em 2020, com o avanço da pandemia de covid-19 e a invasão garimpeira ilegal a todo vapor, o MPF moveu mais uma ação civil pública para que a União, a Funai, o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) produzissem um plano emergencial de ações, com cronograma para o monitoramento da terra indígena na emergência sanitária mundial. O pedido cobrou medidas para o combate aos crimes ambientais e a expulsão de garimpeiros da região.
A Justiça determinou que isso fosse feito em um período de cinco dias a partir da decisão, que ocorreu em julho de 2020. Na ocasião, o Ibama e o ICMBio se defenderam alegando que seguiam as diretrizes previstas no Plano Nacional Anual de Proteção Ambiental (Pnapa) para o ano de 2020, porém na decisão a justificativa foi apontada como desatualizada, porque quando produzido o documento não contava com a emergência sanitária.
“Tem amparo em diretrizes que constam de portaria de novembro/2019, antes, portanto, da pandemia de covid-19, o que demonstra a aparente inadequação das afirmações do IBAMA e ICMBio ao invocar referido plano para justificar a alegada ausência de omissão no monitoramento efetivo da TIY, com extrusão de infratores ambientais, mormente garimpeiros, no contexto da pandemia”, ressalta um trecho.
De acordo com o MPF, em 2022 todas as ações pararam e novos alertas foram emitidos à Justiça em razão do descumprimento de ordens anteriores. “Assistimos a invasão e a paralisação das ações e assistimos também a um esquema de corrupção, a falta de acesso a medicamentos”, declarou Marugal.
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