O Brasil só atingirá o patamar médio de 3,5 médicos a cada 1 mil habitantes, conforme recomendado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2030. É o que afirma um estudo divulgado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), nesta terça-feira (24/1). O principal motivo para a falta de profissionais da área é o baixo número de graduados, aliado ao envelhecimento dos médicos em atividade.
O levantamento foi realizado pela empresa de pesquisa educacional Educa Insights a pedido da ABMES. De acordo com o estudo, o Brasil tem 2,8 médicos a cada 1 mil habitantes, índice ainda distante da média de 4,5 profissionais por 1 mil habitantes encontrada nos países mais ricos.
"O Brasil está aquém da média sugerida pela OCDE e muito aquém da média dos países desenvolvidos. É preciso formar mais e melhores médicos, para garantir o atendimento à população, nessa chamada 'era das pandemias'", diz Celso Niskier, presidente da ABMES.
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Contudo, o estudo mostra que houve aumento no ritmo de oferta de vagas em cursos de Medicina em funcionamento, mesmo que abaixo da necessidade. A média de crescimento entre 2014 e 2021 foi de 11,2% ao ano para matrículas nas instituições privadas de ensino superior (IES), e de 4,5% ao ano nas instituições públicas. A evolução deste índice foi prejudicado pela restrição à abertura de novos cursos imposta pelo Ministério da Educação (MEC) desde 2018, que tem prazo para terminar em abril deste ano.
"Os cursos de graduação na área da Saúde, em especial Medicina, tiveram um grande destaque durante a pandemia da covid-19. De acordo com dados mais recentes do Censo Médico, em 2020, o Brasil tinha 521,4 mil médicos e a projeção é atingir 594,9 mil neste ano, um crescimento esperado de pouco mais de 4,5% ao ano no período. Entretanto, para atingir o patamar recomendado pela OCDE será necessário aumentar o número de profissionais ativos em 36,5% em sete anos", diz a nota do estudo.
Mais Médicos
Por consequência, 36% dos médicos no mercado de trabalho têm 50 anos ou mais e 21,6% são idosos. O apagão de profissionais preocupa. “Precisamos não só de melhores médicos, mas de mais médicos. A pandemia trouxe uma nova realidade mundial e o atendimento médico precisa lidar com esse novo cenário, que chamam de ‘era das pandemias'”, explica Niskier.
Antes da suspensão, o programa Mais Médicos garantiu um acréscimo de quase 13 mil vagas, criadas ou reativadas. Por fim, um dado mostra a realidade da alocação destes profissionais no país, com concentração no Sudeste e falta de médicos no Norte e no Nordeste.
"São 48 (0,86%) os municípios com mais de 500 mil habitantes — grande parte nos estados do Sudeste e Sul — e concentram 62,42% dos médicos. Entretanto, 94,18% das cidades brasileiras, que têm até 100 mil habitantes, têm acesso a apenas 14% dos profissionais", diz o estudo.
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