Questão Indígena

Terra Yanomani tem 11 mil casos de malária relacionados ao desmatamento

A maior parte desses casos são em pessoas com 50 anos ou mais. Um dos fatores para o surto pode ser explicado pelo desmatamento causado no garimpo

Tainá Andrade
postado em 21/01/2023 18:53 / atualizado em 21/01/2023 19:22
 (crédito: Reprodução / URIHI - ASSOCIAÇÃO YANOMAMI )
(crédito: Reprodução / URIHI - ASSOCIAÇÃO YANOMAMI )

O Ministério da Saúde informou em que a Terra Indígena (TI) Yanomami teve registro de 11.530 casos de Malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI). Os dados são referentes a todo o ano de 2022. Esses são os números colhidos em 37 Polos Base.

Apesar da doença ser endêmica na região amazônica, os índices são de um surto. Chama a atenção a alta ocorrência em maiores de 50 anos, o todo foram 4.541 casos. Em seguida, há a quantidade de 2.114 para a faixa etária entre 18 a 49 anos, de 1.928 entre 5 a 11 anos e de 1.678 entre um a 4 anos.

A campeã de casos em idosos foi a comunidade Balawau, com 536. Em seguida, foi a Aretha-u com 502 registro e, na sequência, Palimiú com 424 ocorrências. A comunidade Marauiá foi a que apresentou os dados mais baixos de incidência em idosos.

Motivos

Um dos motivos da transmissão da doença é a picada de mosquito nopheles darlingi , por isso um dos fortes motivos para o elevado número de pessoas contaminadas é o aumento do desmatamento — uma ação direta do garimpo que invadiu a região da TI.

Dois artigos publicados no início deste mês pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) indicam que, ao diminuir a biodiversidade de mosquitos, o responsável pela transmissão da malária se torna o principal vetor.

Outra causa é a fragmentação florestal que ocorre ao derrubar as árvores. Quando há quase 50% da cobertura vegetal desse tipo, casas precárias e moradores em situação de vulnerabilidade há um aumento de criadouros. Enquanto que florestas contínuas ou completamente desmatadas se tornam sumidouros.

A doença atinge principalmente fígado, onde os parasitas se alocam e se multiplicam intensamente. Causa calafrios com tremores, seguidos de febre, entre outros sintomas e pode levar à morte

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