A verdadeira novela que envolve o ex-porta-aviões brasileiro chamado de "São Paulo" ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (20/1). O navio agora terá o controle da Marinha Brasileira, por meio da Autoridade Marítima Brasileira (AMB). A própria Marinha confirmou a informação por meio de nota.
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O navio segue em círculos pela costa brasileira há mais de um mês. O "São Paulo" está na maior parte do tempo na costa de Pernambuco — já que teve o acesso ao porto de Suape negado.
Segundo a nota da Marinha (leia a nota da Marinha no fim da matéria), o controle do "São Paulo" ocorreu "visando preservar a segurança da navegação, danos a terceiros e ao meio ambiente".
Na prática, a Marinha será agora a responsável por ficar rebocando o "São Paulo", já que o porta-aviões — de proporções gigantescas, 266 metros de comprimento — não tem mais equipamentos para navegar por conta própria. O navio que antes ficava rebocando o "São Paulo" era chamado de "Alp Guard" (de propriedade da empresa que tinha comprado o "São Paulo", ainda em 2017) e foi substituído pelo "Purus", da Marinha.
A (triste) novela do São Paulo
Segundo explicou reportagem do colunista Jorge de Souza, do portal Uol, a história do "São Paulo" é longa, delicada e cheia de nuances.
Após o fim da vida útil, o porta-aviões foi vendido em 2017 para uma empresa turca chamada Sok Denixcilikve Tic. A compra foi feita em um leilão por US$ 10,5 milhões. O destino do "São Paulo" seria o desmanche no país do Oriente Médio.
Em agosto de 2021, o navio seguiu para a Turquia. Contudo, pressionado por entidades ambientais, não pode sequer atracar por conta da suposta quantidade de amianto que tinha nos materiais.
O "São Paulo" então "desceu" o Atlântico de volta para o Brasil. Quase 14 mil quilômetros depois, o porta-aviões chegou ao Rio de Janeiro, mas também não pode atracar. A ordem da Marinha indicava vistorias, mas no porto de Suape, em Pernambuco.
Quando chegou ao estado nordestino, a Justiça de Pernambuco também não permitiu que o "São Paulo" atracasse, por temer danos dos materiais tóxicos a bordo. Sem âncora, o porta-aviões ficou literalmente navegando em círculos na costa brasileira, rebocado pelo "Alp Guard".
Nesta sexta-feira (20/1), entretanto, o rebocador não teve mais "condições logísticas para a manutenção" e então foi substituído pelo "Purus", da Marinha.
A AMB reforçou que "não autorizará a aproximação do casco de águas interiores ou terminais portuários brasileiros, em face do elevado risco que representa".
Leia a nota da Marinha:
"A Marinha do Brasil, por meio da Autoridade Marítima Brasileira (AMB), informa que assumiu as operações que envolvem o casco do ex-navio aeródromo São Paulo, visando preservar a segurança da navegação, danos a terceiros e ao meio ambiente, com base na Lei nº 7.542/86, após a empresa Sök Denizcilik Tic Sti não ter efetivado as providências anteriormente determinadas pela AMB.
"Como parte desse processo, o Navio de Apoio Oceânico "Purus" substituiu o rebocador Alp Guard, da empresa ALP (contratada pela proprietária do casco para a manutenção do reboque), que apresentou restrições logísticas para a manutenção do reboque do casco. A operação ocorreu a 170 milhas náuticas da costa brasileira (cerca de 315km), área marítima considerada segura, dadas as atuais condições de severa degradação em que o casco se encontra. Cabe ressaltar que a Sök não deixou de ter responsabilidade pelo bem".
Por fim, a AMB não autorizará a aproximação do casco de águas interiores ou terminais portuários brasileiros, em face do elevado risco que representa, com possibilidade de encalhe, afundamento ou interdição do canal de acesso a porto nacional, com prejuízos de ordem logística, operacional e econômica ao Estado brasileiro".
A nota na íntegra pode ser lida neste link.
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