Pernambuco

Antigo porta-aviões São Paulo pode ficar à deriva após inspeção da Marinha

Empresa que arrematou o casco do antigo navio capitânia da esquadra brasileira deixou o navio a 46 km da costa sem seguro ou manutenção, no litoral pernambucano

Henrique Lessa
postado em 20/01/2023 12:55 / atualizado em 20/01/2023 12:56
 (crédito: Reprodução / US Marine)
(crédito: Reprodução / US Marine)

Antigo navio capitânia da esquadra brasileira, o porta-aviões São Paulo segue com destino incerto e deve ser afastado para águas internacionais após inspeção da Marinha do Brasil. A embarcação, que era o único porta-aviões da esquadra, foi vendida como sucata em um leilão em 2021 para um estaleiro turco. Impedido de chegar à Turquia, o porta-aviões retornou ao Brasil e foi proibido de atracar em portos brasileiros.

Segundo a Marinha, a empresa que arrematou o casco do navio, a Sök Denizcilik Tic Sti (Sök), não adotou as providências solicitadas pela Autoridade Marítima Nacional (AMB) para a manutenção do casco e para garantir a segurança nas águas territoriais brasileiras.

Após as inspeções da AMB, foi determinado que o comboio, com o rebocador e o porta-aviões, deveria se afastar da costa nacional, com a escolta de uma fragata e de um navio de apoio da Marinha Brasileira. A informação é de que o rebocador já estaria nesse processo, afastando o casco do ponto onde estava fundeado, a cerca de 46 km da costa brasileira, no litoral pernambucano, depois de tentar atracar no porto de Suape desde outubro.

A decisão da Marinha vem no momento em que a Justiça Federal de Pernambuco, atendendo a um pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e da Advocacia-Geral da União (AGU), proibiu o casco do antigo navio de ser abandonado no litoral do estado. Foi determinada, no último dia, uma multa diária de R$ 900 mil em caso de descumprimento da decisão.

Uma história complicada

O porta-aviões São Paulo, construído para a marinha francesa em 1960, depois de aposentado na Europa, veio para o Brasil em 2001, mas só navegou normalmente por pouco mais de três anos. Em 2004 sofreu com um incêndio que tirou a vida de três tripulantes e feriu outros sete. Após cinco anos de uma cara e complexa reforma, chegou a realizar teste de navegabilidade em julho de 2010, mas acabou abandonado pela Marinha. A embarcação não foi reintegrada à frota naval em função dos diversos problemas que seguia apresentado.

Depois de muitos estudos sobre a modernização do navio, em 2017, a Marinha decidiu descomissionar o navio após avaliar que o custo, estimado em mais de R$ 1 bilhão, era excessivo. O casco vendido em leilão como sucata para uma empresa especializada no desmanche de embarcações foi contestado judicialmente por entidades e grupos que solicitaram a utilização da embarcação como um museu flutuante no território nacional.

A serviço da marinha francesa, o porta-aviões utilizava amianto, uma fibra cancerígena banida pelo mundo inteiro. Segundo informações da Marinha Brasileira, quando ainda estava na mão da França, uma reforma realizada na década de 1990, chegou a tirar 55 toneladas dessa fibra banida da embarcação. Mesmo com essas medidas, contudo, o navio apresenta risco de centenas de materiais contaminantes, motivo pelo qual a embarcação, após deixar o Brasil em agosto de 2022, foi barrada cerca de 20 dias depois, durante a passagem pelo estreito de Gibraltar pelas autoridades navais europeias.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe! 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE