Zelo com o patrimônio, preservação de um ícone de Minas e aparato tecnológico para proteger o acervo barroco. A imagem da padroeira de Minas, Nossa Senhora da Piedade, atribuída a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), passa por um criterioso processo de desinfestação juntamente com dois degraus do altar onde fica na basílica da Serra da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Em dezembro, foi identificada a presença de cupins na madeira dos degraus, exigindo providências urgentes.
Na tarde desta sexta-feira (13/1), em visita ao local, o responsável pelo trabalho de desinfestação, o especialista Adriano Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, explicou que está sendo usado o método de anóxia ou anoxia, que consiste em colocar as peças dentro de uma bolha de plástico especial, com barreiras, fechado com válvulas.
Na etapa seguinte, é injetado nitrogênio para retirar todo o oxigênio existente no interior. "Isso mata tudo o que estiver vivo dentro da bolha. Usamos um oxímetro para monitorar e manter zero de oxigênio na bolha", informa Adriano Ramos.
O processo de desinfestação foi iniciado em 20 de dezembro e tem previsão de durar 60 dias. "Quando a imagem e os dois degraus forem retirados, será feita uma barreira química e aplicado um inseticida imunizante", afirma Adriano. Ele ressalta que os cupins foram encontrados apenas nos dois degraus do trono da padroeira, e não na imagem do século 18.
"Resolvemos agir por precaução a fim de se evitarem surpresas. Não encontramos cupins na imagem, mas é fundamental fazer a prevenção."
SALA ESPECIAL
Para realização do serviço de desinfestação, foi montada uma sala especial, "em local seguro", atrás da Ermida da Padroeira de Minas - Basílica da Piedade, no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, que é a menor basílica do mundo. Adriano destacou que a intervenção tem acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Conforme noticiou o Estado de Minas em 21 de dezembro, esta é a quarta vez que Nossa Senhora da Piedade deixa seu altar no templo vinculado à Arquidiocese de Belo Horizonte. A peça de madeira tem 1,25 metro de altura por 1 metro de largura e pesa cerca de 100kg.
O reitor e pároco do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade - Padroeira de Minas Gerais, padre Wagner Calegário de Souza, disse que, nesta etapa, foi feito um pequeno restauro no altar, que apresentava fissuras.
OBRAS NA PISTA
Devido às fortes chuvas de janeiro na Grande BH, ainda não há data para reabertura do complexo arquitetônico, paisagístico, espiritual e cultural do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade - Padroeira de Minas Gerais, um dos monumentos mais visitados do estado, com média anual de 500 mil pessoas. O motivo, resolvido em parte, decorre da retirada de 500 toneladas de uma rocha distante um quilômetro da histórica ermida do século 18.
A retirada de parte da rocha (16 metros de altura por 3m de largura) não pôs fim ao problema detectado em 15 de outubro, quando foram identificadas fissuras nessa parte do maciço. Segundo o padre Wagner Calegário, será necessário revestir a rocha com uma "cortina atirantada", numa área de 1 mil metros quadrados.
A instalação da cortina será supervisionada pela equipe geotécnica do santuário, composta por engenheiros e geólogos e empresa especializada, e vai cobrir a rocha com uma tela de aço e cabos, os quais ficarão presos com grampos. "Somente agora podemos retomar o serviço", disse o reitor.
Conforme mostrou a reportagem do EM, as obras no local denominado Três Curvas começaram em 18 de outubro, data em que foi interrompida a visitação de romeiros devido às rachaduras em um dos pontos próximos ao caminho que leva à maior elevação da serra.
Na véspera, houve movimentação de caminhões transportando areia e cascalho para formar um "colchão" na pista e, assim, proteger o asfalto das pedras lançadas durante a remoção. Naquele dia, a arquidiocese divulgou que cada metro cúbico da rocha pesava 3t, e que não haveria implosão da rocha, que foi dilapidada com uso de maquinário e desmanche controlado.
Os serviços são custeados pelo próprio santuário, a partir de doações da Família de Devotos de Nossa Senhora da Piedade, e, como se trata de um monumento natural, todas as intervenções foram comunicadas ao Instituto Estadual de Florestas (IEF).
FÉ E MILAGRES
A história do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas, em Caeté, começa no século 18, com o relato de um milagre: a Virgem Maria teria aparecido para duas jovens no alto da Serra da Piedade.
A partir desse dia, o fato se espalha rapidamente por toda a região e muita gente chega ao topo do maciço para rezar. O episódio toca o coração do português Antônio da Silva Bracarena, então na colônia para ganhar dinheiro. Mas ele se converte e decide dedicar sua vida à construção de uma capela no lugar onde ocorrerá o milagre.
O singelo templo dedicado a Nossa Senhora da Piedade começa a ser erguido em 1767 e, mais tarde, ganha a imagem esculpida por um jovem de Ouro Preto, depois reconhecido como mestre do
Barroco mineiro - Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Em 31 de julho de 1960, o estado de Minas Gerais foi consagrado a Nossa Senhora da Piedade, após decreto do Papa João XXIII, por meio das Letras Apostólicas "Haeret animia", de 20 de novembro de 1958. Já em 15 de setembro de 2022, foi proclamada Padroeira da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Durante a missa celebrada pelo arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, na Catedral Cristo Rei, o bispo auxiliar dom Geovane Luís da Silva leu o decreto da Santa Sé com o reconhecimento de que Maria, venerada a partir do título de Nossa Senhora da Piedade, é a padroeira da arquidiocese.
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