O Instituto Fogo Cruzado constatou que mil pessoas foram vítimas de bala perdida até o fim de 2022 na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Entre as vítimas, 229 morreram e 771 ficaram feridas. Somente em 2022 foram 20 mortos e 62 feridos. O levantamento mostra que o pior ano da série histórica foi em 2018.
A contagem começou a ser feita em julho de 2016. Segundo o instituto, o pior ano da série histórica foi em 2018, quando 252 pessoas foram vítimas de balas perdidas: 47 mortas e 205 feridas. Naquele ano, a Região Metropolitana do Rio vivia o período de intervenção federal na segurança pública.
Vale destacar que, do total de mil baleados até aqui, 624 foram atingidos na presença policial.
Saiba Mais
A diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto, chamou atenção para o número de vítimas durante ações policiais. Na avaliação da diretora, as ações e operações obedecem uma lógica de conflito.
“As polícias não estão preparadas para evitar conflitos, e isso se reflete no número elevado de vítimas de balas perdidas."
Perfil das vítimas
Os dados mostram que a maioria dos atingidos tinha entre 18 e 59 anos. Do total de baleados, 688 eram adultos (137 óbitos e 551 feridos). Dentre a população com mais de 60 anos, 119 foram vítimas de balas perdidas pelas quais 77 morreram.
Já na população com idade inferior a 18 anos, 87 crianças e 92 adolescentes foram atingidos por balas perdidas, de acordo com o levantamento. Desse total, 21 crianças e 27 adolescentes morreram. Além desses números, a pesquisa mostrou que três bebês foram baleados quando ainda estavam na barriga da mãe e somente um sobreviveu.
Medo
Os trabalhadores informais também convivem diariamente com os riscos da violência. O levantamento concluiu que nove motoboys ou mototaxistas foram vítimas de balas perdidas, três morreram e seis ficaram feridos; oito motoristas de aplicativo foram baleados e a metade morreu; além disso, nove vendedores ambulantes também foram atingidos, um morreu e oito ficaram feridos.
Há ainda a falsa sensação de segurança dentro de casa. No período analisado, 108 pessoas foram vítimas de balas perdidas em casa. Dessas, 33 morreram e 75 ficaram feridas.
O estudo utilizou dados de uma pesquisa realizada pelo Datafolha que mostra que, na cidade do Rio de Janeiro, mais de 80% dos moradores dizem ter medo de serem vítimas de bala perdida e 59% afirmam que se mudariam da cidade caso fosse possível.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro
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