O desmatamento aumentou quase 54% entre agosto e dezembro de 2022 se comparado ao mesmo período de 2021. A informação é do Observatório do Clima e foi anunciada nesta sexta-feira (6/1). O acumulado indica 4.793 km², recorde para o período na série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), iniciada em 2015.
De acordo com a instituição, o dado confirma uma intensa fase de desmatamento no fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL) e desbanca o anúncio de meses atrás, do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), de que o desmatamento na Amazônia Legal teria caído em 11%.
Esses números serão herdados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva já que a medição é feita de agosto de um ano a julho do ano seguinte. “Os alertas de destruição da Amazônia bateram recordes históricos nos últimos meses, deixando para o governo Lula uma espécie de desmatamento contratado, que vai influenciar negativamente os números de 2023. O governo Bolsonaro acabou, mas sua herança ambiental nefasta continua”, relata o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.
Entre agosto e dezembro, Lábrea e Apuí, no sul do Amazonas são os territórios que lideram o ranking de desmatamento. Os municípios são próximos à estrada que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), no eixo da BR-319. Bolsonaro liberou previamente o asfaltamento da rodovia, que havia sido embargada após pareceres técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama).
A área devastada em 2022 na Amazônia é 48,2% mais alta que a média observada nos últimos 10 anos no bioma. O desmonte no órgão, que culminou no afastamento do objetivo-fim da instituição pode influenciar diretamente na chegada de um ponto de não retorno da floresta. Por isso, o Observatório do Clima aponta que um dos focos de atenção da ministra Marina Silva deve ser o reestabelecimento do Ibama.
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