Já está em casa com a família em Contagem, na Grande BH, a advogada Emilia Viriato Paulino, de 50 anos, que estava desaparecida desde a madrugada dessa segunda-feira (2/1), após viajar em caravana a Brasília, capital federal, para acompanhar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no domingo (1º/1).
Por volta de 1h, horário do retorno a Minas Gerais, Emilia e outros passageiros desceram do ônibus para procurar um homem que estava tendo dificuldades em chegar ao local marcado. Durante a chamada para saber se todos haviam entrado no ônibus, um passageiro afirmou que Emilia estava no banheiro, fazendo com que as pessoas só dessem falta dela na madrugada de segunda.
Pertences e um celular da advogada ficaram no veículo. Outra preocupação era o fato de Emilia ter sofrido recentemente um princípio de infarto e não estar com a saúde plena. Outras pessoas também foram deixadas para trás.
Ônibus deixou mineira para trás
"Boa tarde, pessoal. Acabei de chegar em casa. Falamos tanto em cuidar um do outro, e no final me deixaram para trás. Quando estávamos procurando o Rogério Celestino, as meninas sugeriram para que fôssemos ajudar, pois os pés delas estavam doendo, e alguns colegas desceram. Também desci para ajudar a procurar. Quando retornei, o ônibus arrancou, me deixando para trás. Corria atrás, e não alcancei", relatou Emília.
Em transmissão ao vivo pelo Facebook no início da tarde desta terça-feira, ela contou o que aconteceu. Ao perceber que o ônibus havia ido embora, chamou um Uber no intuito de interceptá-lo, mas não conseguiu. Voltou ao local de onde o ônibus havia saído, com a ideia de que eles sentissem sua falta e retornassem, e ali aguardou por cerca de 50 minutos.
"Era um local ermo, já era madrugada, senti medo. Peguei um táxi e fui para a rodoviária de Brasília, chegando lá por volta das 3h da madrugada, para comprar uma passagem de volta para Belo Horizonte", relatou.
O próximo ônibus disponível seria só à noite de segunda-feira e, como Emilia não tinha anotado nenhum contato para emergências (o celular havia ficado no ônibus, ela estava apenas com a carteira, cartão de crédito e documentos), não conseguia avisar nenhum conhecido. Também não adiantaria ligar para o próprio aparelho, que estava no modo avião. Outro dificultador é que no terminal não havia nenhuma autoridade policial que pudesse ajudar no caso.
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De volta ao lar
Amigos e familiares agradeceram a rede de solidariedade que se formou em torno da situação. Emilia mora com a filha de 3 anos, que, durante sua viagem a Brasília, ficou na casa da tia, Sônia. A irmã de Emilia contou sobre a preocupação ao longo do tempo em que ficou sem notícias da advogada. "Como todos os pertences dela faviam ficado no ônibus, e ela é uma pessoa muito bem articulada, não tinha como pensar em outra coisa que não a do que tinha acontecido uma tragédia, ou que ela havia passado mal", conta.
O alívio veio quando Emilia entrou em contato com Sônia por videochamada, ao meio-dia desta terça-feira, avisando que chegara em casa. Ela conseguiu embarcar em um ônibus em Brasília às 22h40 desta segunda-feira e chegou por volta das 9h40 desta terça.
Chegando à rodoviária de BH, ela tomou um táxi e, no caminho para casa, ouviu no rádio a notícia sobre seu desaparecimento e toda a repercussão. Assim que pôde, foi para as redes sociais esclarecer o equívoco.
"No princípio de não deixar uma pessoa para trás, acabei ficando para trás. Estou bem, agradeço a todos pelas mensagens e o carinho, é muito bom saber dessa união, mas infelizmente não era o que eu queria", disse Emilia, lembrando que está vencendo um processo de depressão, que vivenciou situações de assédio e violência.
"Quero agradecer a todos vocês, onde quer que estejam, pessoas próximas ou distantes, conhecidas ou não. Deixo aqui minha gratidão, o desejo de um feliz 2023, repleto de paz. Infelizmente, comecei trazendo esse transtorno, mas que seja um ano de muita luz. Um abraço para cada um", declarou.
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