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Estudos alertam que cigarro eletrônico causa mais mal do que tabaco

O cigarro eletrônico aumenta a chance de a pessoa que o consome desenvolver um câncer 20 anos antes de uma outra que fuma o cigarro de tabaco

Apesar de proibido no Brasil, o cigarro eletrônico vem sendo consumido sem restrições e por consumidores que possivelmente não têm conhecimento das inúmeras substâncias tóxicas que contém — especialistas apontam a ausência de campanhas de esclarecimento para os males que faz à saúde. Dois estudos chamam a atenção para o produto, que faz grande sucesso entre os jovens.

Estudo de universidades americanas — a partir de informações coletadas junto a 154 mil usuários, entre 2015 e 2018 — mostra que o cigarro eletrônico aumenta a chance de a pessoa que o consome desenvolver um câncer 20 anos antes de uma outra que fuma o cigarro de tabaco.

A pesquisa, publicada no periódico World Journal of Oncology, cruzou dados sobre o histórico de câncer e de consumo do chamado "vape". Segundo o levantamento com o cigarro eletrônico, o diagnóstico de câncer foi detectado aos 45 anos, em média, contra os 63 anos dos tabagistas.

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Consumo

Os adeptos do cigarro eletrônico também desenvolveram tumores diferentes dos que costumam ser associados ao tabaco: os mais comuns foram câncer cervical, leucemia, câncer de pele e de tireóide.

Outra pesquisa, esta conduzida pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), diz que 20% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos já experimentaram cigarros eletrônicos. O consumo do produto é maior nas regiões Centro-Oeste (11%) e Sul (10%) e menor nas Norte e Nordeste (6% em ambos) — o Sudeste fica no meio, com 7%.

O levantamento da Ufpel, realizado no primeiro trimestre deste ano, é o mais recente publicado sobre cigarros eletrônicos. "Devemos nos orgulhar das nossas campanhas de redução do tabagismo. Foi uma política de Estado apoiada e reforçada, apesar de a indústria fazer de tudo para continuar tentando atrair as pessoas. Tivemos muito êxito se comparados a outros países, mas, agora, vemos uma avalanche de retrocesso", lamenta Liz Maria de Almeida, médica chefe da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do câncer (Inca). O Brasil tornou-se referência internacional contra o tabagismo e alcançou o mais alto nível das seis medidas Mpower de controle do tabaco.

"A indústria mudou seu portfólio e começou a vender os cigarros eletrônicos a fim de atrair os jovens e tentar repetir o mesmo script que fazia anos atrás com o cigarro tradicional. Os cigarros eletrônicos trazem, sim, muitos malefícios fazem tanto mal como os tradicionais e não ajudam a superar o vício do cigarro tradicional. Tem uma quantidade enorme de substâncias que não foram identificadas, e a capacidade de gerar dependência é muito maior do que o cigarro tradicional", disse.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi