O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, defendeu no seminário Desafios 2023 — o Brasil que queremos, realizado nesta quinta-feira (15/12), a aplicação da inovação às políticas públicas de saúde no país como uma forma de qualificar o atendimento aos brasileiros. Os resultados, conforme salientou, serão colhidos no período de médio a longo prazo — "nos próximos 10 a 20 anos", previu.
"Acredito no investimento em saúde como um meio para atingir algo porque é o investimento em saúde que consegue ser amálgama das necessidades sociais e econômicas do país. No nosso caso, no Brasil, investir em tecnologias e inovação na saúde significa chegar ao objetivo de oferecer atendimento de qualidade às pessoas. Em duas décadas, o IBGE prevê uma transição demográfica, no sentido de que o país atinja 230 milhões pessoas. Desses, 50 milhões de habitantes terão mais de 60 anos", afirmou Calvet, acrescentando o fato de que a população idosa necessitaria de mais serviços de saúde.
Em debate no painel "A saúde como fonte de sustentabilidade da nação" — do qual participaram também o ex-ministro da Saúde e senador Humberto Costa (PT-PE), o presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello e a presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, Marlene Oliveira —, Calvet defendeu a maior eficiência nos serviços de saúde primária como uma maneira de evitar casos de doenças graves, que demandam maiores custos ao poder público. Dessa forma, de acordo o presidente da ABDI, o Estado destinaria mais recursos a tratamentos especializados àqueles pacientes que necessitam de mais atenção do Sistema único de Saúde (SUS).
"Há uma tendência para que os sistemas de saúde se tornem mais caros porque, com o avanço da medicina, criam-se novos tratamentos e novos remédios mais custosos ao Estado. Então, o investimento na atenção de saúde primária, que não demanda tanto custo e tem o poder de prevenir doenças e problemas futuros, fará com que o SUS destine mais verbas a tratamentos especializados aos pacientes que necessitam de uma atenção maior do sistema", pontuou Calvet.
Segundo o presidente da ABDI, a otimização de custos do SUS é um tema que preocupa os especialistas. Estima-se que, para fechar as contas do orçamento deste ano do Sistema Único de Saúde, faltem R$ 22 bilhões — verba que, se não for providenciada a tempo, provocará severo impacto que ameaça prejudicar o atendimento à população.
Uma boa estrutura pública de saúde é fundamental para o desenvolvimento sustentável de uma nação. No Brasil, a universalização da saúde está prevista na Constituição, contudo, as queixas da população em relação aos maus serviços prestados são grandes, antigos e permanentes.
Inovação e economia verde
Segundo o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, além de abraçar a inovação tecnológica, os investimentos industriais no país devem ser sustentáveis, seguindo a lógica da "economia verde".
"O desenvolvimento industrial persegue, hoje, duas tendências: uma é a transformação baseada em tecnologia e inovação. Já a outra nós chamamos de "green economy" (economia verde). A sustentabilidade e a adoção de novas tecnologias de inovação são práticas indissociáveis", pregou Calvet.
Importância do evento
Igor Calvet enfatizou que a realização do evento ‘Desafios 2023 — o Brasil que queremos’ é uma forma de fomentar o debate socioeconômico tanto para o próximo ano como para o médio e longo prazo.
"O evento se torna importante para traçar uma agenda ampla para o próximo governo. Será uma agenda que dialogará com a sociedade civil, as empresas e com agentes públicos em posições importantes. Dessa forma, acredito que esse evento (Desafios 2023 — o Brasil que queremos) traz discussões sobre agendas e tendências futuras que o Brasil precisa se preparar agora para desenvolvê-las", comentou.
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