REVOLTA

Médico se recusa a atender paciente com câncer e é preso após a morte dela

O urologista fazia plantão em um hospital no Rio de Janeiro e foi flagrado dormindo pelos policiais militares; ele foi solto após pagar fiança de R$ 10 mil

Mariana Costa - Estado de Minas
postado em 03/12/2022 22:06 / atualizado em 03/12/2022 22:06
A paciente esperou mais de cinco horas por atendimento no Hospital Federal do Andaraí, no Rio de Janeiro -  (crédito: Reprodução/Redes sociais)
A paciente esperou mais de cinco horas por atendimento no Hospital Federal do Andaraí, no Rio de Janeiro - (crédito: Reprodução/Redes sociais)

Um médico foi preso e vai responder por homicídio culposo e lesão corporal, após se recusar a atender uma paciente com câncer. Elisangela Souza de Almeida, de 45 anos, morreu depois de esperar mais de cinco horas por atendimento no Hospital Federal do Andaraí, localizado na Região Norte do Rio de Janeiro. O caso aconteceu nessa sexta-feira (2/12). O urologista Arthur Vinícius de Andrade acabou liberado após pagar fiança de R$ 10 mil.

Policiais militares foram chamados pela família da vítima após a demora por atendimento. Os familiares disseram que chegaram à unidade de saúde por volta de 0h30 com Elisangela vomitando sangue. O médico teria dito que o hospital não tinha atendimento específico para o caso dela. Porém, após insistência da família, ele pediu um exame de sangue, que ficou pronto duas horas depois. Mas, cerca de 1h30 sem atendimento após o resultado, a família pediu ajuda à PM.

Ao chegar ao hospital, os policiais tentaram ouvir o médico sobre o ocorrido. Primeiro, pediram para uma enfermeira chamá-lo, mas ela não retornou. Por volta das 5h, um dos militares foi até o alojamento dos médicos e encontrou o urologista dormindo. Ao ser questionado pelo policial, o médico disse que outra profissional faria o atendimento. A médica tomou conhecimento do caso e pediu uma tomografia para avaliar Elisangela.

Mais demora

Os policiais estavam deixando o local quando a família da vítima os procurou novamente pedindo ajuda, pois Elisangela voltou a passar mal e estava vomitando sangue. Ao retornar ao local da tomografia, os militares flagraram diversos profissionais prestando assistência à paciente, menos o urologista. Com a piora da paciente, os profissionais a levaram para outra sala e depois de algum tempo comunicaram a morte para a família.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio afirmou que a paciente foi atendida pelo Centro (emergência clínica do complexo hospitalar do Souza Aguiar) e foram prescritas medicação e exames para o quadro de emergência. Porém, segundo a secretaria, a paciente deixou a unidade sem aguardar a conclusão dos exames.

A família de Elisangela contesta a versão apresentada pela secretaria. A mulher foi enterrada ontem no cemitério municipal de Mesquita, na Baixada Fluminense.

Em nota, a direção do Hospital do Andaraí afirma que instaurou um processo administrativo interno para apurar o caso. A instituição disse ainda que o caso será "devidamente apurado pela unidade, e que não compactua com casos de negligência ou omissão de socorro".

O médico prestou depoimento na delegacia, pagou fiança e foi liberado. Ele acusa a enteada de Elisangela de lesão corporal, durante uma suposta confusão após a morte da paciente.

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