A Corregedoria Geral da Polícia Civil de Mato Grosso determinou o afastamento preventivo do delegado Bruno França Ferreira, na noite desta quinta-feira (1º/12). Além disso, foi aberta uma sindicância administrativa para apurar a conduta do servidor durante uma abordagem a uma residência em um condomínio de luxo, na capital do estado, Cuiabá.
Segundo a Corregedoria, o procedimento busca apurar as condutas praticadas pelo delegado em relação à entrada e abordagem à família na residência. Além disso, é investigada a postura do delegado em relação ao advogado da família, na Central de Flagrantes de Cuiabá, para onde ele levou a mulher de 41 anos que ele ameaçou “estourar a cabeça”.
O afastamento preventivo do delegado será de 60 dias corridos, podendo o prazo ser prorrogado por igual período. “A decisão de afastamento preventivo é uma medida tomada pela Corregedoria para o melhor andamento dos trabalhos. Não foi recebido pelo órgão corregedor um pedido formal feito pelo servidor de afastamento do cargo”, disse a Corregedoria, por meio de nota.
Entenda o caso
O delegado Bruno França Ferreira invadiu uma residência em um condomínio de luxo na capital Cuiabá, na última segunda-feira (28/11), às 20h15, enquanto a mulher colocava a filha de 4 anos para dormir. O servidor teria xingado e feito violentas ameaças à mulher, inclusive diante da criança. Com uma arma em punho e acompanhado de dois policiais armados com fuzis, ele ainda ameaçou "estourar a cabeça" da mulher.
O delegado afirmou que a abordagem era motivada pelo descumprimento de uma medida protetiva em favor do enteado dele, uma criança de 13 anos. No entanto, o advogado da mulher, Rodrigo Pouso Miranda, afirma que nem ele nem a cliente tinham conhecimento da medida protetiva e desconheciam o teor dela.
Ao Correio, o jurista afirmou que o ataque aconteceu como uma forma de represália pelo processo movido pela mulher contra a família do delegado, após o enteado dele e outros sete adolescentes baterem no filho dela, de 11 anos, e praticarem bullying contra ele.
Segundo Pouso, após serem notificados do processo, a família do delegado entrou com outra ação contra a família da mulher, como forma de represália e solicitou a medida.
As imagens registradas pelas câmeras de segurança da residência registraram o momento em que o delegado quebra a porta e entra no imóvel com arma em punho. Ele estava acompanhado de três policiais da Gerência de Operações Especiais (GOE) armados com fuzis e manda que todos deitem no chão.
A criança de 4 anos chora durante toda a abordagem e pede ‘por favor, para tio, não faz isso’. Enquanto o marido da mulher pedia calma, o delegado mandava a menina ‘calar a boca’ e chegou a apontar a arma para ela.
O advogado da vítima disse que família morava em outro condomínio, onde o filho de 11 anos passou a ser agredido e a sofrer bullying por crianças do bairro – entre elas, conforme Pouso, o enteado do delegado. Por isso, decidiram se mudar.
O delegado alega que, mesmo morando em outro lugar, a mulher perseguia e agredia verbalmente o enteado. O advogado nega e diz que a família, na verdade, mudou de casa justamente para ficar longe dos adolescentes e proteger o filho.
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