O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora as taxas anuais de desmatamento na Amazônia Legal, indicou, nesta quarta-feira (30/11), que entre 2021 e 2022 o desmatamento na região caiu 11%.
A destruição no espaço que compreende os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão saiu de 13038 km² no ano passado para 11568 km².
Entre os estados com maior índice de floresta derrubada este ano, o Pará tem 4.141,00 km² de área com esse perfil, no acumulado, desde o início do monitoramento, em 1988, isso significou 34.61%. Porém, a taxa de desmatamento em um ano também registrou uma queda de 21%.
Outros locais também registraram quedas, o maior deles foi no Amapá, que saiu de 17km² para seis km² de área.. Em Tocantins o registro foi de 37km² para 27 km² de área desmatada, o equivalente a uma diminuição de 27%. Já em Roraima, foi de 315km² para 240 km² de área, a proporção de 24% de baixa. O Amazonas, segunda unidade federativa da Amazônia Legal com maior área desmatada, de 2.607 km² no total em 2020, aumentou em 13% — o único estado que registrou crescimento.
As taxas são disponibilizadas anualmente, sendo os primeiros (cerca de 50% do processamento) entregues no mês de dezembro, a partir dos incrementos das imagens de satélite que identificam o desmatamento nos oito Estados brasileiros.
Em 2009, foi estipulada no Plano Nacional sobre Mudança do Clima do Brasil a meta de redução do desmatamento para 2020 em 3.925 km². Porém, a realidade é que se tem hoje um desmatamento três vezes maior que o combinado no plano.
Compromisso com redução
A área devastada em 2022 na Amazônia é 48,2% mais alta que a média observada nos últimos 10 anos no bioma. Raul do Valle, especialista em Políticas Públicas da World Wide Fund for Nature Brasil (WWF Brasil) chama a atenção para o desmonte do sistema de proteção ambiental que ocorreu na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e como isso poderá ocasionar na aproximação de um ponto de não retorno - aquele no qual a floresta perde a capacidade de prover os serviços ecossistêmicos.
“O novo governo precisa emitir um sinal claro de que nenhum desmatamento será tolerado e reconstruir todo o arcabouço de proteção que foi destruído. Esse caminho é vital para que o Brasil garanta sua segurança climática e retome seu papel de liderança nas questões ambientais, no cenário internacional", avaliou Valle.
Marcelo Furtado, membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, relembra que esse combate não precisa ser inventado, pois já existem políticas públicas que, ao serem implementadas, podem conter significativamente o desmatamento. Ele destaca que além do presidente, a atenção deve se voltar também para as decisões que sairão do Congresso Nacional.
“É um tiro no pé. Quem mais sai prejudicado com essa falta de responsabilidade é, de um lado, o cidadão brasileiro, que perde o seu patrimônio ambiental. Também o meio ambiente, que perde a sua capacidade de gerar água e controle climático. E, obviamente, a economia, pelo impacto provocado na produção agrícola e na geração de energia”, disse o especialista.