CRENÇAS

No Brasil, 51% das pessoas acreditam em bruxaria e magia negra

Percentual de brasileiros que acreditam em bruxas está acima da média mundial, que é de 40%

Um estudo americano realizado com dados de todo o mundo revelou que 51% dos brasileiros acreditam em bruxaria. O percentual está acima da média mundial, que é de 40%, e acima de países da África Subsaariana, de onde supostamente essas crenças foram herdadas.

Os dados, divulgados na última semana pelo economista Boris Gershman, professor da American University, de Washington (EUA), mostraram que a taxa variou entre 9% (Suécia) e 90% (Tunísia). Os estudos de Gershman buscam entender como a crença em forças sobrenaturais se relacionam com indicadores socioeconômicos.

A pesquisa identificou que essas crenças resultam de uma reação emocional ao estresse submetido por problemas como crises econômicas, por exemplo. "Consistente com sua função hipotética de manter a ordem e a coesão na ausência de mecanismos de governança eficazes, as crenças de bruxaria são mais difundidas em países com instituições fracas e se correlacionam positivamente com a cultura conformista e o viés de grupo", escreveu o pesquisador.

De acordo com o estudo, o apego a essas superstições representa um alívio às crises governamentais e ao abandono institucional de alguns grupos. No entanto, ela tem um preço social.

"Entre os custos potenciais documentados das crenças de bruxaria estão relações sociais interrompidas, altos níveis de ansiedade, visão de mundo pessimista, falta de cultura empreendedora e atividade inovadora", escreveram os autores.

Os dados coletados pelo pesquisador entre 2007 e 2017 revelou que, entre os continentes, a América Latina católica difunde mais a crença em bruxaria do que alguns países africanos, como Nigéria, Moçambique e Gana, onde religiões supostamente promovem mais a crença em maldições e magia negra.

Em um panorama mundial, o Leste Europeu, o Oriente Médio e o Norte da África são os locais de maior crença em bruxaria. Já os Estados Unidos, a Europa e Sudeste Asiático têm níveis baixos.

“A grande maioria dos entrevistados nos países da minha amostra se identificam como cristãos ou muçulmanos. Apenas uma pequena fração se identificou como pertencente a uma religião "tradicional" diferente. Além disso, 95% de todos que afirmaram acreditar em bruxaria se consideram cristãos ou muçulmano” afirmou o pesquisador, ao explicar ao jornal O Globo que a religião não foi o tema central das pesquisas originais e, portanto, é difícil chegar a uma conclusão sobre crença em bruxaria de populações só com base na religião.

Segundo o professor Boris Gershman, a crença em bruxaria é ainda maior entre seguidores das religiões de matriz africana no Brasil. “Mas atribuí-la apenas a esse grupo é um erro, porque ignora o contexto histórico”, esclarece o pesquisador ao lembrar que, as crenças em bruxaria vieram para o Brasil como um resultado do tráfico de escravos e, nesta época, vários julgamentos de supostas bruxas estavam sendo conduzidos pelos cristãos europeus.

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