ACIDENTE DE TRÂNSITO

Pai e filha morrem atropelados por motorista sem CNH, em São Paulo

As vítimas praticavam treino de corrida quando foram atingidos pelo veículo conduzido por um militar do Exército que, segundo a PRF, não tem permissão para dirigir

Na manhã desta terça-feira (15/11), dois corredores amadores morreram atropelados em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. As vítimas, Jéssica Levadinha, 31 anos, e o pai, Álvaro Levadinha, 69, praticavam treino de corrida no canteiro central da Rodovia Hélio Smidt, perto do terminal 1 do Aeroporto de Guarulhos, quando foram atingidos por um carro desgovernado.

O motorista, de 19 anos, é soldado do Exército Brasileiro e cumpre serviço militar obrigatório em São Paulo. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o condutor não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e se recusou a fazer o teste do bafômetro no local do acidente. Ele foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame médico, a fim de constatar se estava sob efeito de álcool.

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Nesta manhã, ao atropelar pai e filha, o militar dirigia um Mitsubishi Pajero de cor preta, em alta velocidade, acima da permitida na via, que é 70km/h. Na altura da Rodovia Hélio Smidt, local do acidente, ele perdeu o controle do veículo, bateu no poste, na cerca de proteção que separa os dois sentidos da pista e atravessou o canteiro central onde as vítimas corriam.

Em nota divulgada pelo portal G1, o Exército afirmou que o soldado autor das mortes "cumpre o Serviço Militar Obrigatório no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo". De acordo com o órgão, o caso não se trata de um crime militar e, por isso, "está tramitando na Justiça Comum". "O Exército Brasileiro repudia veementemente qualquer ato que atente contra os preceitos éticos e morais da profissão militar", alegou.

Jéssica e Álvaro morreram na hora. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, mas ao chegar no local, encontraram os dois sem vida.

Reprodução/Instagram @jessica_levadinha - Anúncio do velório e sepultamento de Jéssica Levadinha e seu pai, Álvaro Levadinha
Reprodução/Instagram @jessica_levadinha - Jéssica e Álvaro Levadinha tinham costume de correr juntos. Ela era corredora amadora e recebia ajuda do pai, que, além de comerciante, se considerava treinador e mentor da filha
Reprodução/Instagram @jessica_levadinha - Jéssica e Álvaro morreram na hora
Reprodução/Instagram @jessica_levadinha - Jéssica Levadinha, 31 anos, e seu pai, Álvaro Levadinha, 69, praticavam treino de corrida quando foram atingidos por um carro desgovernado.

Motorista preso em flagrante

O militar foi preso em flagrante e autuado por homicídio doloso — quando há intenção de matar. Ele foi levado, inicialmente, para a delegacia que fica dentro do aeroporto de Guarulhos e, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP), o motorista confessou ter ingerido bebida alcoólica.

Em seguida, o soldado foi encaminhado ao quartel do Exército, onde está preso. De lá, ele seguirá para audiência de custódia, mas deve continuar nas dependências do quartel.

“Foram solicitados exames junto ao Instituto de Criminalística e Instituto Médico Legal. O militar foi autuado em flagrante e encaminhado ao 2° Batalhão de Polícia do Exército, onde será apresentado em audiência de custódia e o caso foi registrado como homicídio na Deatur, 3° Delegacia Aeroporto de Guarulhos", esclareceu a SSP.

Divulgação/PRF - Acidente em Guarulhos deixa pai e filha mortos

Pai e filha corriam juntos há 19 anos

Jéssica e Álvaro Levadinha tinham costume de correr juntos. Ela era corredora amadora e recebia ajuda do pai, que, além de comerciante, se considerava treinador e mentor da filha. Na rotina dos treinos, ele anotava os detalhes, registrava em fotos e postava no blog 2x WRun. Em uma das publicações, Álvaro comenta, orgulhoso, a conquista da filha em uma competição. “Jéssica tratou de matar as esperanças das concorrentes já nos primeiros quilômetros, sangrando-se campeã pulverizando os 10 Km em 39:34”, escreveu.

Os dois corriam juntos há 19 anos e faziam parte da equipe Runners Guarulhos. Pai e filha usavam as redes sociais para mostrar a paixão em comum pelo esporte. “Runners Guarulhos, uma equipe de bons amigos de quem não somos alunos, mas bons amigos. Uma equipe para representar”, disse Álvaro na publicação mais recente em seu Instagram.

Nos comentários das publicações de Jéssica e Álvaro, amigos, familiares e outros internautas lamentam a morte dos dois. “Fica sua imagem linda, atleta dedicada e humilde, vai com Deus. Você foi um anjo aqui na terra, muito querida”, disse um colega de corrida dos Levadinha.