O câncer de próstata é a quarta causa de morte por neoplasias no Brasil, e corresponde a 6% do total de óbitos por este grupo. A taxa de letalidade bruta vem apresentando acentuado ritmo de crescimento. Segundo levantamento do Observatório da Atenção Primária à Saúde da Umane, os estados que registraram os maiores aumentos foram Pará, Amapá, Maranhão, Mato Grosso e Bahia.
Na contramão, estão Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Roraima e Distrito Federal, com os menores índices. Em 2020, 15.841 brasileiros morreram em decorrência da doença, uma taxa de 15,3 por 100 mil habitantes. Conforme o estudo, 89% das mortes são de indivíduos com 65 anos ou mais, 50% são brancos, 11% pretos e 36% pardos. O número representa um crescimento de 24% em relação a 2010. Em 2021, 16.055 homens faleceram em decorrência do câncer de próstata.
Assim como em outros tipos de câncer, a idade é um marcador de risco importante, ganhando um significado especial nos casos relacionados à próstata, uma vez que tanto a incidência como a mortalidade aumentam exponencialmente após os 50 anos. Segundo o oncologista do Instituto Lado a Lado pela Vida Igor Morbeck, o histórico familiar de pai ou irmão com a enfermidade é outro fator que deve ser observado.
"Esse fator pode aumentar o risco de 3 a 10 vezes em relação à população em geral, podendo refletir tanto características herdadas quanto estilos de vida compartilhados entre os membros da família", explica.
Para que o diagnóstico seja feito de forma precoce, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que homens a partir dos 50 anos procurem um profissional especializado. Pessoas que integram o grupo de risco (negros ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem iniciar o acompanhamento aos 45 anos.
O diagnóstico inclui exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos. No caso do câncer de próstata, esses exames são o toque retal e o exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico).
De acordo com especialistas não existe uma prevenção contra o câncer de próstata. A detecção precoce é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor na fase inicial e possibilitar maior chance de um tratamento bem-sucedido.
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Alimentação
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), foi observada uma relação positiva entre o alto consumo energético total e ingestão de carne vermelha, gorduras e leite e o risco de câncer da próstata.
Por outro lado, consumir frutas, vegetais ricos em carotenóides (como o tomate e a cenoura) e leguminosas (como feijões, ervilhas e soja) tem sido associado a um efeito protetor. Além desses, alguns componentes naturais dos alimentos, como as vitaminas (A, D e E) e minerais (selênio), possivelmente podem desempenhar um papel protetor.
"Infelimente, o câncer de próstata é uma doença que não tem uma prevenção completa, ou seja, não temos uma forma de evitar, no entanto, alguns hábitos ajudam, como, por exemplo, manter hábitos saudáveis, peso saudável, alimentação adequada. A dieta rica em carne vermelha e gordura faz com que as pessoas tenham uma tendência de desenvolver cânceres mais agressivos. Quando essas pessoas consomem muita carne vermelha podem ter maior incidência do câncer de próstata. Principalmente carnes gordas e vermelhas", explica a urologista da Sociedade Brasileira de Urologia, Karin Anzolch.
Novembro Azul
A campanha Novembro Azul busca conscientizar os homens sobre a importância dos exames preventivos para combater o câncer de próstata. A ação foi idealizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, em 2011.
Marlene Oliveira, presidente do instituto, ressalta a importância de os homens buscarem cuidar da saúde. "Iniciamos a campanha essencialmente para fazer um alerta para os homens se cuidarem. É fundamental que haja a divulgação do Novembro Azul em hospitais, na imprensa e nas redes sociais. O câncer de próstata é uma enfermidade que faz muitas vítimas."
"A educação do homem é essencial para que ele procure auxílio médico. Cerca de 90% são curáveis na fase inicial, quando o paciente ainda não sente nada. Por isso, é tão importante essa prevenção precoce", completa Anzolch.